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terça-feira, 26 de julho de 2011
26 de julho de 2011 | N° 16773
PAULO SANT’ANA
Ainda sobre Deus
Quando escrevi aqui que acreditava em Deus, justifiquei que um dos motivos era o de que assistia diariamente a muitos milagres ao meu redor.
O leitor há de se perguntar sobre quais milagres são esses que assisto diariamente ao meu redor.
Eu respondo que eles são tão grandiosos que não caberiam em palavras.
Respondo também que Deus tem várias maneiras de manifestar-se a nós.
Resta saber-se, em primeiro lugar, se teremos capacidade para discernir se determinado fato é uma manifestação divina dirigida a nós. E em segundo lugar, devemos discernir se é interessante a nós que venhamos a descobrir as razões de por que Deus está nos chamando a atenção para aquele detalhe.
Também é importante que cada um de nós tenha consciência de que somos escolhidos de Deus. Ou seja, quem veio à Terra, quem nasceu, por si só já é escolhido de Deus. E ter vindo à Terra pode vir a ser uma credencial para entender Deus e suas razões.
O problema central é exatamente este: quais os desígnios de Deus.
Eu não sei bem se Deus às vezes se descuida e nos transmite sinais de sua existência ou se esses sinais são dados a todos, e só um mínimo de pessoas é capaz de percebê-los.
O que sei é que Deus existe para quem crê nele. E também não sei exatamente sobre se Deus existe também para quem não crê nele.
Como já escrevi, Deus é um imã, oculto no infinito. E se ele não se mostra (é oculto), deve ter razões ponderáveis para permanecer oculto.
Eu, na minha humilde condição de pensador, de perscrutador dos sinais de Deus, penso que uma das razões para que Deus seja oculto é que ele assim se mostra receptivo a que nós o descubramos e o retiremos da condição de oculto.
Ou seja, só os que perceberam Deus, os que o desvendaram é que podem melhor entender a vida e serem realmente felizes e realizados.
Em outras palavras – não me entendam mal –, essas pessoas que entenderam Deus são os chamados eleitos, os chamados povo de Deus.
Ainda em outras palavras, são as pessoas que tiveram acesso a Deus.
Os meus leitores devem estar achando estranho que um cronista de amenidades de penúltima página de um jornal provinciano esteja se ocupando repetidamente com Deus.
Não há nada de estranho. É que é um direito meu ocupar-me de Deus, como é direito de todo leitor meu fazer isso e de todos os viventes: Deus está lá oculto no infinito, mas todos têm livre acesso à tentativa de decifração dos seus mistérios.
Eu posso não estar sendo claro. É que estou falando de fé, e o conceito de fé é quase tão intangível, impalpável quanto o conceito de Deus.
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