Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 7 de abril de 2008
FUTEBOL É COISA SÉRIA
Fui obrigado a trocar o meu texto desta segunda-feira. Tirei um assunto de saúde pública para falar de esporte. Futebol é coisa séria. Talvez o que haja de mais sério num país pouco sério como o Brasil.
Eu não poderia deixar de tratar desse tema num dia tão cheio de significados. Não fujo às minhas altas responsabilidades. A história me cobraria se não me manifestasse. Aqui vai.
O Juventude eliminou o Grêmio do Campeonato Gaúcho, no estádio Olímpico, por 3 a 2. No 'Terceiro Tempo', da Rádio Guaíba, na última quinta-feira, eu havia previsto 4 a 0 para o time de Caxias, embora torcesse, por força das circunstâncias, pelos tricolores. Nada mais insuportável que torcer pelo Grêmio.
É simples de entender. O Juventude só ganhou do Grêmio por ser touca do Inter. Fez isso apenas para tentar nos humilhar numa final de Gauchão. Deu a lógica. Cada vez que um colorado torce sinceramente pelo Grêmio, a frustração é certa.
Grêmio e Juventude não são confiáveis. O resultado de ontem é uma espécie de conspiração contra o Inter. Juventude e Grêmio fizeram o pior pelos colorados.
Mas o Juventude, no seu gremismo insuperável, fez de tudo para entregar o jogo no final. Com dois homens a mais e o resultado favorável, a equipe de Caxias tinha a obrigação de meter seis. Não quis. Recusou-se. Empacou. Sentiu-se constrangida. Quase pediu desculpas.
O matador Mendes teve a bola do quarto gol e decidiu não marcar. Assinou ali o seu contrato com o Grêmio. O empate só não aconteceu por causa da arbitragem. Se o juiz tivesse dado mais dois minutos de acréscimos, o que seria justo, o Grêmio estaria classificado.
O esforço do Juventude para deixar escapar a vitória é digno de entrar numa antologia. Sei que é inconsciente. Estou convencido de que o futebol profissional não comporta esse tipo de romantismo. Mas está no DNA do Juventude entregar para o Grêmio. Que fazer?
Cabe ao cronista descrever os fatos.
Se o jogo tivesse sido contra o Inter, nas condições em que terminou, o Juventude teria feito 8 a 1. Não por debilidade dos colorados. Simplesmente por desejo de superação. Ao eliminar o Grêmio, quando ninguém esperava tal atitude, o Juventude mostrou todo o seu gremismo.
A vida é assim, paradoxal e enigmática. Não estivesse o treinador Zetti há apenas duas semanas no Rio Grande do Sul; portanto, ainda não contaminado pela maldição tricolor do Juventude, e tudo poderia ter sido diferente. Se há um culpado, desculpem pela delação, é Zetti.
Eu acompanhei e descrevi a transformação do Juventude em campo. À medida que ampliava o escore e via o adversário perder jogadores, o Juventude encolhia, intimidava-se, recuava para o seu campo. Terminou encurralado, sufocado, asfixiado, salvo pelo gongo.
O Rio Grande do Sul acompanhou ontem a Batalha do Olímpico. Viu-se um Juventude superior aflito pela sua impossibilidade de perder.
Espero que os cineastas gaúchos não percam a oportunidade de fazer um documentário sobre esse episódio singular da nossa história. Algo que só pode ser comparado à surpresa ou traição de Porongos, na Revolução Farroupilha. Deu tudo errado. O vencido contou com a colaboração do vencedor, que, surpreso, tentou desvencilhar-se da vitória.
Não conseguiu, tal era a sua involuntária superioridade. Nenhum documento poderá explicar no futuro o ocorrido na Azenha. Prova de que a existência é sempre mais complexa. Nunca vi declaração maior de um amor por um clube.
Uma ótima segunda-feira e uma excelente semana a você.
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