Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
11 de abril de 2008
N° 15568 - Liberato Vieira da Cunha
Viver não é fácil
Tem vezes em que penso que a vida seria mais simples se as pessoas dissessem o que estão pensando. Mas seria mesmo?
Um dia desses encontrei um cavalheiro que me cumprimentou cordialmente, perguntou por parentes, comentou uma de minhas crônicas. Enquanto isso, eu fazia um esforço danado para me lembrar quem era ele, coisa que não consegui.
Eu poderia ter confessado que não recordava dele, mas isso seria ofendê-lo. Despedimo-nos com mútuos protestos de estima e consideração, mas até agora não faço noção de sua identidade.
Recebo muitos livros e nem sempre tenho vagar para lê-los. Um dos autores me escreveu faz tempo cobrando uma opinião sobre o ensaio histórico que me enviara. Tive de desculpar-me, explicando-lhe que ainda não conseguira abri-lo.
O escritor tinha montanhas de razão. Fizera-me uma gentileza e eu não lhe mandara duas linhas com uma apreciação, ainda que breve, sobre sua obra. Faltou confessar-lhe que não sou um crítico, mas um mero leitor comum, desprovido de engenho e arte para analisar estudos alheios.
Uma dama submeteu-me há alguns anos uma coletânea de versos, na companhia de um pedido para que compusesse um prefácio. Ela estava me fazendo uma distinção. Entre tanta gente importante do território das letras, escolhia justamente a mim para apresentá-la ao público.
Tive de remeter-lhe um e-mail explicando que andava ocupado, que tentasse escribas de superior categoria e valimento. Tudo seria menos constrangedor se eu houvesse usado de franqueza: seus poemas eram densos, herméticos demais para a minha vã filosofia.
Vivo da arte de comunicar-me e no entanto volta e meia não consigo sintonizar com minha circunstância. É um pecado grave para quem se entrega ao ofício de juntar letrinhas.
As gentes, contudo, são demasiado sensíveis. Se admito a alguém, que me trata com intimidade, que não o reconheço, ele há de julgar-me no mínimo indelicado.
Se não leio um livro que me submeteram à espera de algumas palavras de estímulo, sou injusto.
Se não componho um prefácio por julgar a tarefa superior à minha capacidade, termino por magoar quem me encomendou o favor.
Viver não é fácil. E não sei se seria menos difícil se todos nós só disséssemos a verdade.
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