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sábado, 5 de abril de 2008
05 de abril de 2008
N° 15562 - Paulo Sant'ana
Uma reunião profícua
Reuni-me por três horas anteontem, na presença e gabinete do presidente do Hospital de Clínicas, Dr. Sérgio Pinto Machado, com uma equipe de médicos e professores daquele hospital, onde fui buscar informações sobre o surto bacteriano que está havendo em Porto Alegre nos estabelecimentos hospitalares.
Saí de lá informado fartamente da origem, capacidade de transmissão, migração, invencibilidade e extinção por via médica da bactéria que vem assustando nossa cidade.
Recebi, em seguida à reunião, a síntese escrita da verdadeira aula que recebi lá.
Ou alguém pensa que um jornalista se forma sem cultura, informação e trabalho? Eis a síntese:
"Conforme solicitado, sistematizei os principais tópicos de nossa profícua conversa na manhã. Vejamos:
1) A bactéria Acinetobacter sp., multirresistente aos antibióticos, foi identificada pela primeira vez em Porto Alegre em 2005. Passados quase quatro anos, 15 dos 24 hospitais que prestam assistência hospitalar na cidade já notificaram casos e quatro fecharam suas unidades de tratamento intensivo em função do problema. Surtos semelhantes já foram relatados em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.
2) No Hospital de Clínicas, identificamos a bactéria em fevereiro de 2007. Desde então, o HCPA adota uma estratégica de diagnóstico da bactéria que envolve a obtenção de amostras (swabs), chamados de cotonetes em diferentes locais (sítios) nos pacientes: pele, narinas, ferida operatória, região perianal, entre outros.
Essa pesquisa objetiva pôde identificar a bactéria entre aqueles pacientes que apresentaram internação hospitalar nos últimos 90 dias em qualquer instituição do Estado. Os casos positivos são submetidos, por precaução, a isolamento.
3) O Hospital de Clínicas de Porto Alegre, particularmente, sempre foi atuante em relação ao problema. A pedido do secretário municipal de Saúde, a instituição elaborou, já em maio do ano passado, uma relação de medidas sugeridas a serem adotadas pela Secretaria Municipal da Saúde para investigação e manejo dos casos na cidade.
4) Desde a identificação da bactéria em 2007, o HCPA montou plano de ação que foi responsável pela redução da taxa geral de infecções hospitalares em 2007 ao menor índice nos últimos seis anos, desde 2002.
Além disso, evitou-se uma em cada quatro infecções de cateteres, também a menor taxa em seis anos e reduziu-se em 16% as pneumonias no Centro de Tratamento Intensivo (CTI), igualmente a menor taxa em seis anos. Só em relação às pneumonias no CTI, foram evitados 22 casos e oito óbitos em 2007.
5) O controle desse surto na cidade depende de duas medidas: a) a atuação integrada entre todos os hospitais e a autoridade sanitária;
b) a higienização das mãos dos profissionais de saúde. As mãos que cuidam, se não adequadamente higienizadas, podem oferecer o risco de transmissão da bactéria Acinetobacter.
Agradeço novamente por seu interesse. Atenciosamente, (ass.) Ricardo Kuchenbecker, coordenador da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar".
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