Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sexta-feira, 4 de abril de 2008
04 de abril de 2008
N° 15561 - Liberato Vieira da Cunha
Como vai você?
Tem pessoas a quem você pergunta: como vai? - e elas contam. Não dizem: tudo bem; ou: tocando o barco. Desfiam um rol de infortúnios, queixam-se de uma gripe, de um mau negócio, das perfídias de uma dama, do presidente George W. Bush.
Gripes são acidentes de percurso, aos quais estou sujeito eu, uma vizinha que espirra há dias no elevador e, suspeito, o próprio inventor da vacina contra esse prosaico desconforto.
Maus negócios são tropeços da sorte, às vezes devidos a excesso de confiança no próximo. Conheço senhoras tão pérfidas quanto lindas, em especial as que me negam cinco segundos de sua sedutora atenção. Já o presidente Bush é um trágico clown da História.
É melhor responder, quando perguntam como vai?, que tudo bem, que tocando o barco. Pois se a cada tempo incumbem seus pesares, não faltam também momentos de branda plenitude.
Por um sábio conselho, não lembro de quem, penso sempre à noite, nas horas quietas que precedem o sono, em algo de bom que me tenha sucedido.
Nada de grandioso. Podem ser três ou quatro palavras atenciosas, partidas exatamente de quem menos se esperava, um trecho esquecido de música que se redescobre ao acaso, uma boa notícia há muito aguardada.
Ou então um brando coquetel de tudo isso, mais dois ou três amenos episódios triviais, que te aquecem o coração de súbita ternura pela espécie humana.
Desconfio que haja leitores percorrendo este canto de página com uma ponta de descrença. É natural e compreensível. Não, não sou médico da alma, nem conheço os segredos da paz de espírito.
Há contudo pequenos truques que ajudam a conviver com a dura lida da sobrevivência. E é próprio do ofício dos cronistas dividir com sua variada, múltipla circunstância desimportantes retalhos de suas opacas singraduras.
A mim conforta inventariar memórias amenas, hábitos banais, receitas de bem-viver.
Talvez seja pouco. Mas há milênios constatei que me falta uma inclinação: a de semear amarguras.
Ainda bem que faltou essa vocação para o Liberato. Uma ótima sexta-feira e um excelente fim de semana.
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