quinta-feira, 3 de junho de 2021


03 DE JUNHO DE 2021
+ ECONOMIA

Mercado especula futuro do Banrisul

A sessão de terça-feira da Assembleia que aprovou a dispensa de plebiscito para privatizar Corsan, Banrisul e Procergs nem tinha terminado e começaram a piscar mensagens de analistas do mercado financeiro à coluna.Em todas a pergunta era a mesma: agora o Banrisul será privatizado?

A resposta foi a única disponível, a que o governador Eduardo Leite tem repetido em público: é uma possibilidade, diante das mudanças no sistema bancário, mas não será em seu governo. Os interlocutores, porém, fizeram suas ponderações.

Um dos analistas lembrou que Leite trouxe, para presidir o Banrisul, "uma pessoa do mercado financeiro do Rio de Janeiro" - referência a Claudio Coutinho, que tem passagens pelo BNDES e pelo sistema financeiro privado. A questão levantada é que ele teria perfil para "dar andamento" à venda do banco estadual gaúcho. A coluna repetiu a pergunta a Coutinho, que preferiu não comentar.

Outra réplica fez referência à suposta intenção de Leite disputar a eleição presidencial em 2022. O argumento, nesse caso, foi "vai querer mostrar certas vitrines de seu governo, e as privatizações e o saneamento das contas do Estado são grandes marcas para mostrar". Analistas locais lembraram da mudança de posição do governador sobre a privatização da Corsan, ponderando que o mesmo poderia ocorrer com o Banrisul. Em recente entrevista ao Jornal do Comércio, Leite foi peremptório:

- Eu não farei a venda do Banrisul. Não houve mudança de contexto. Sempre disse que cada governo enfrenta os desafios do seu tempo. Os meus envolvem as mudanças nas carreiras dos servidores e privatização de companhias que operam sob regime de concessão. Parece que o cenário do mercado financeiro vai impor essa discussão para o Estado no futuro.

Se no passado a venda do Banrisul foi condição para adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), o novo secretário de Tesouro Nacional, o gaúcho Jeferson Bittencourt, disse à coluna que as novas regras permitem a adesão rápida do Estado pelo "dever de casa" já realizado.

As ações preferenciais do Banrisul, que têm maior liquidez, chegaram ao máximo de R$ 22,58 em fevereiro de 2019, no auge das especulações sobre a privatização do banco. Em março de 2020, caíram para R$ 11,45 sob temores de impacto da pandemia no sistema financeiro. Ontem, subiram 5,04%, para R$ 14,60 - sinal do "assanhamento" do mercado.

MARTA SFREDO

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