AS MÁSCARAS E O EGOÍSMO

O uso de máscaras é, comprovadamente, um dos principais meios para evitar a disseminação ainda maior da covid-19. Sua utilização se mantém indispensável em um país como o Brasil, onde ainda é grande a circulação do vírus da Sars-CoV-2, as taxas de contágio são altas, os hospitais seguem lotados e o número de mortos se aproxima de 500 mil. Em um momento em que a cobertura vacinal ainda é insuficiente e, ao mesmo tempo, muitas das atividades são retomadas, um dos maiores desafios é não baixar a guarda quanto ao uso de proteção.

O Brasil tem hoje 11% da população elegível imunizada com duas doses, com a proteção máxima oferecida pelos diferentes fármacos disponíveis. Mesmo assim, é preciso lembrar, não há vacina com 100% de eficiência e as respostas imunes não são iguais para todos. Ou seja, inexiste garantia plena de que quem completa o esquema vacinal está definitivamente livre de contrair o vírus, mesmo com sintomas mais leves, e, assim, transmiti-lo.

É por isso, em resumo, que o uso de máscaras segue relevante: é um gesto de respeito, fundamentalmente, com pessoas próximas ainda não vacinadas e que poderão, em caso de descuido, ser contaminadas. Houve inúmeros aprendizados nesse período de pandemia. Para que não seja preciso fechar as atividades econômicas e as escolas novamente, os cuidados cientificamente testados e comprovados se fazem imprescindíveis. Cabe ressaltar ainda que contagiados assintomáticos também transmitem a doença. Nesse contexto, resistir ao uso de máscaras nos ambiente indicados é puro egoísmo, somado, sobretudo, ao risco de agredir o direito de outros indivíduos.

Chegará o dia em que os brasileiros também poderão deixar de usar esse equipamento, como já fazem alguns países, ainda em certos locais. Para isso, no entanto, é preciso que a cobertura vacinal atinja pelo menos 70% da população. O país ainda está distante desta marca. Até lá, portanto, o esforço individual e coletivo para deter a pandemia deve se pautar pela razão e pelo respeito. Também é preciso ter cuidado para que as imagens do Exterior, onde eventos esportivos e culturais já são realizados com público sem máscara, não gerem por aqui a falsa sensação de que podemos fazer o mesmo. Países como Estados Unidos, Inglaterra e Israel se adiantaram na aquisição e aplicação do imunizante, podendo, por isso, retomar a normalidade mais rapidamente do que o Brasil.

Nesse momento em que o Brasil tenta se reerguer, é preciso espírito patriótico elevado para despolitizar, no mau sentido da palavra, temas de fundo técnico. A antecipação do debate eleitoreiro, tendo a pandemia como centro de uma disputa improdutiva de narrativas, é um desserviço ao país.

OPINIÃO DA RBS

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