Qual era o sentimento que faltava a Lázaro
Lázaro não era serial killer; era psicopata.
O serial killer mata em série, como o nome indica, mas com um padrão. Ele se sente impelido a eliminar ou a machucar pessoas de determinado perfil, e o faz quase sempre da mesma maneira. É como se fosse a eterna repetição do primeiro crime.
O psicopata é diferente. O psicopata é incapaz de se colocar no lugar do outro. Ele não sente pena. Ele não sente compaixão. Schopenhauer dizia que as ações humanas com valor moral são as derivadas do sentimento de compaixão pelas outras pessoas. De fato, se houvesse uma classificação dos atos humanos pelo grau de nobreza, os primeiros seriam os produzidos por compaixão, e os demais ficariam bem abaixo.
É evidente que um serial killer em geral é também psicopata, mas não necessariamente. Já os psicopatas em geral não são assassinos. Ou seja: não são killers. Há psicopatas por toda parte. Eles nos rodeiam. Temos vizinhos psicopatas, temos colegas psicopatas e, principalmente, temos chefes psicopatas. Diria mais: em muitos casos, dependendo da empresa, os chefes mais bem-sucedidos são psicopatas. Porque eles são aqueles que "fazem o que tem de ser feito". É preciso demitir? Deixe a tarefa para o chefe psicopata. Ele a cumprirá com zelo e gosto. A dor do outro não tem nenhum significado para ele.
As mulheres são mais compassivas do que os homens. Antes que você diga que estou fazendo uma afirmação sexista, informo que essa observação é apoiada por diversos estudos científicos. Quais? Vá procurar no Google, se não acredita em mim.
Se acredita, sigo em frente: as mulheres, em média, sentem mais compaixão, e acredito que isso acontece devido à maternidade. A mulher precisa sentir dó daquele serzinho que está sob seus cuidados. Assim, dificilmente você verá uma mulher cometendo crimes como os que Lázaro cometeu. O que não quer dizer que as mulheres não possam ser cruéis. Elas sabem ser cruéis, quando querem.
Esse distinto sentimento, o da compaixão, é subestimado. Poucas vezes é levado em consideração quando as pessoas vão avaliar outras pessoas. Quando você, leitor, escolheu seu cônjuge, chegou a cogitar se ele tem compaixão? Ele é capaz de sentir a dor do outro? Comove-se com a desgraça alheia? Ou para ele tanto faz? Cuidado: você pode estar dormindo ao lado de um psicopata.
Esse pode ser, também, um critério sábio para a escolha de políticos. O seu candidato se importa com as outras pessoas? Ele realmente se comove com a infelicidade do outro? Ou ele só quer se manter no poder e destruir seus adversários?
Compaixão. Pense nisso na próxima eleição.
DAVID COIMBRA
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