Um "cala a boca" para a hipocrisia
No começo da semana, escrevi sobre a fúria de Jair Bolsonaro diante de uma pergunta sobre o uso de máscaras. Em resumo, afirmei que o presidente não foi o primeiro e nem o último a querer que seus críticos calem a boca. Mas é, sem dúvida, o mais barulhento e violento.
Ao lembrar que políticos sonham com o silêncio dos que os fiscalizam, não pretendi, em nenhum momento, minimizar a atitude descabida do presidente. Apenas coloquei-a em um contexto mais amplo. O que Bolsonaro fez é injustificável.
Vamos, porém, aos fatos. Lembro, de um politico, aqui no mesmo no Rio Grande do Sul, que, não faz muito, pagava um assessor para, entre outras missões, patrulhar e tentar desmoralizar jornalistas pelas redes sociais. O jagunço virtual fazia o que o chefe mandava. Era implacável na suas campanhas difamatórias, recheadas ora de uma falsa ironia intelectualoide, ora de acusações distorcidas e falsas. Enquanto o chefe, que não tem qualquer afinidade ideológica com Bolsonaro, posava de democrata.
Um outro político, de um outro partido, adorava ligar para a direção e pedir a cabeça de jornalistas. Obviamente, nunca foi atendido. E assim sucessivamente. Da esquerda à direita, passando pelo centro.
Se o descontrole autoritário do presidente é chocante, a hipocrisia de muitos que o condenam também é. Quando era o seu político de estimação a bater (e, muitas vezes depois, esconder a mão), aplaudiam. Agora, se surpreendem e redigem textões no Facebook. É apenas isso que desejo afirmar, sem relativizar as críticas à brutalidade de Jair Bolsonaro.
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