terça-feira, 15 de junho de 2021


15 DE JUNHO DE 2021
NÍLSON SOUZA

Iabadabadu

Meu prêmio à propaganda do ano vai para a campanha publicitária do Bradesco que reúne os Flintstones e os Jetsons, famílias que saltaram do desenho animado para o imaginário de várias gerações, simbolizando, respectivamente, o passado e o futuro. Calma, não sou jurado de nada, nem sequer tenho conta no banco referido. Apenas quero fazer um reconhecimento à ideia criativa da agência Publicis e compartilhar uma reflexão colateral que o anúncio me provocou neste momento em que o país se debate entre o negacionismo e a ciência.

Entendo que o passado não é, necessariamente, o território do atraso. É lá que estão os referenciais de conhecimento e cultura acumulados ao longo da história humana. Mas também vêm do pretérito muitas crendices, preconceitos e comportamentos incompatíveis com o nosso atual estágio civilizatório. Da mesma forma, admito, o futuro não é garantia de felicidade para ninguém, por mais que os avanços científicos e tecnológicos prenunciem conforto e prosperidade. Porém, é lá que estaremos amanhã.

Nesse contexto, acho que nem o próprio Fred Flintstone, se fosse brasileiro, questionaria algumas conquistas irrenunciáveis da nossa nação, como a vacina, o voto eletrônico, a preservação ambiental, o direito à diversidade e a própria democracia. Mas, por incrível que pareça, mesmo em meio à crise sanitária mais impactante da história do país, tem gente fazendo aglomeração nas ruas e praças exatamente para pleitear, aos gritos, essa espécie de retorno à Idade da Pedra.

Ora, já chegamos à Idade do Conhecimento. Não sei se estamos próximos de um mundo com carros voadores e robôs inteligentes que tomam conta da casa enquanto a família se diverte, previsões para o ano de 2062 nas aventuras dos Jetsons. Mas já evoluímos o suficiente para entender que valores democráticos como alternância no poder, honestidade, respeito à vida e aos direitos humanos, cuidados com o meio ambiente, investimentos em educação, ciência e tecnologia são imprescindíveis para a construção de um futuro melhor.

E, como sugere o encontro das duas famílias televisivas, o futuro pode ser hoje.

NÍLSON SOUZA

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