29 DE JUNHO DE 2021
NÍLSON SOUZA
Pedros e Bandeiras
Adoro Pedro Bandeira, que consegue tocar o coração de crianças e adolescentes com a sua varinha mágica de juntar letrinhas. Ele é o escritor brasileiro mais lido pela garotada e um dos mais produtivos. Já existe uma biblioteca inteira com a sua assinatura. Outro dia citei aqui o livro Alice no País da Mentira, no qual, com muita habilidade, Bandeira mostra que a chamada Verdade Absoluta pode ser tão danosa quanto algumas mentiras, exatamente por não admitir questionamentos. Pois neste país de tantas mentiras e pouca tolerância, a obra mais emblemática do escritor paulista continua sendo A Droga da Obediência, sobre uma espécie de cloroquina capaz de tornar seus consumidores totalmente servis, incapazes de contestar, de desobedecer, de se revoltar.
O sonho dos governantes que mandam seus questionadores calar a boca.
Também escrevi outro dia, parodiando a letra de uma música composta por Carlinhos Brown, Marisa Monte e Nando Reis, que o Brasil não é só verde, azul e amarelo, pois também é cor de rosa e salmão. Mas nossa bela bandeira nacional mantém as cores originais das casas de Bragança e Habsburgo, que Dom Pedro I teria tirado do chapéu para dar um toque colorido e simbólico à independência no célebre episódio do Riacho Ipiranga. Alguns historiadores mais galhofeiros contam que, na verdade, ele teria mostrado uma flor amarela com ramo verde, presente de uma certa dama paulistana. Não importa. A verdade é que as cores permaneceram na bandeira republicana que, ultimamente, alguns grupos julgam ser de sua exclusiva propriedade.
Não é. Podem me chamar de teimoso, mas vou insistir nisso até que ela volte a representar todos os brasileiros de suas estrelas.
Quem nunca teve um tio chamado Pedro? Meu saudoso tio Pedro era muito divertido. Quando alguém dizia que nosso ramo familiar Fialho se caracterizava pela teimosia, ele ironizava:
- Não. Os Fialhos não são teimosos. Teimoso é quem teima com um Fialho.
Por fim, outro Pedro deste dia dedicado a eles, referido magistralmente por outro Bandeira, o Manuel, no dia em que Irene chegou ao céu:
"Irene preta/ Irene boa/ Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
- Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença".
Parabéns a todos os Pedros.
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