12 DE JUNHO DE 2021
OPINIÃO DA RBS
OS DESAFIOS DO PIB
O desempenho da agropecuária, especialmente da cultura da soja, costuma ter forte influência sobre o PIB do Rio Grande do Sul, principalmente nos primeiros meses do ano. Com uma supersafra após a seca que dizimou lavouras no ciclo 2019/2020, já era esperado um significativo crescimento da atividade no Estado no início de 2021, como mostraram os dados divulgados pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), ligado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão. O Produto Interno Bruto gaúcho subiu 5,5% em comparação com igual período do ano passado, sendo que o campo teve um salto de 42,2%.
A boa notícia é que, tradicionalmente, o agronegócio no Estado tem uma capacidade maior de disseminar seus reflexos positivos em comparação à média nacional, e o empurrão ainda deverá ser sentido no segundo trimestre, uma vez que a colheita da soja se concentra em abril. Há, por exemplo, milhares de pequenos e médios produtores de soja no Rio Grande do Sul, espalhados por centenas de municípios, fazendo com que os benefícios sejam mais bem distribuídos. O mesmo vale para a cultura do milho e o setor de carnes, especialmente nos segmentos de suínos e aves, devido à grande quantidade de produtores que integram as cadeias dos fornecedores dos frigoríficos, com significativa demanda do mercado externo. Beneficiam-se, da mesma forma, o comércio de diversas cidades, especialmente nas regiões mais ligadas ao agronegócio, assim como parte significativa da indústria que tem vinculação com o campo e também vende para todo o país. O recolhimento de impostos, igualmente, responde de forma positiva.
As fábricas, felizmente, também apresentaram um desempenho robusto, com um crescimento de 10,5% sobre o primeiro trimestre do ano passado. Claro que há uma base de comparação deprimida, mas setores como de equipamentos agrícolas e de transporte, metalurgia, fumo e móveis também contribuíram decisivamente para a magnitude do avanço do PIB gaúcho de janeiro a março. Uma performance ainda melhor, no restante do ano, é uma incógnita, devido a problemas de falta de insumos em alguns segmentos, como o de automóveis.
A nota destoante ficou com o setor de serviços, que caiu 2,4% e ainda sente os reflexos das restrições de circulação devido à pandemia. É, como no restante do Brasil, a atividade com maior peso na economia e depende do avanço da vacinação para controlar a crise sanitária e abrir a possibilidade de reabertura de atividades, criando um ambiente propício para um crescimento ainda mais consistente, uniforme e distributivo, com criação de postos de trabalho e geração de renda, em meio a um momento de desemprego elevado e inflação alta.
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