sábado, 9 de março de 2013



10 de março de 2013 | N° 17367
PAULO SANT’ANA

Portões fechados

Esse conclave que se realiza no Vaticano, em que mais de cem cardeais ficam reunidos num salão durante 20 dias para escolher o novo papa, está me parecendo igual aos jogos do Corinthians no Pacaembu: sem torcida, com os portões fechados.

Já escrevi várias vezes e vou repetir: leio todos os e-mails que me mandam, até mesmo os que me ofendem com palavras de baixo calão, autoria de cafajestes.

Mas não leio, ninguém vai me obrigar a isso, e-mails que tenham mais de 15 linhas, é preciso que considerem que não disponho de tempo para tal.

E há pessoas que cometem o desaforo de me enviar e-mails que são verdadeiros tratados, dossiês, ora, não há como perder dias inteiros para lê-los: é preciso que tenham em mente que recebo milhares de e-mails.

Então, eu seleciono. Com mais de 15 linhas, não leio. Pode ser o assunto mais importante do mundo. Não leio.

Leio todos os e-mails, repito. É de minha obrigação profissional.

Mas, com mais de 15 linhas, enviem esses e-mails para o novo papa.

Minha mesa e minhas gavetas estão atulhadas de e-mails de gremistas reclamando para mim das dificuldades intransponíveis que têm para ingressar na Arena, seja pagando, seja obtendo vantagens por serem sócios, proprietários de cadeiras e boxes etc.

Cá para nós, que tenho a ver com isso? Não sou ouvidor do Grêmio, não sou dirigente, que tenho a ver com isso? Eu sou surdo, assim não posso ser ouvidor do Grêmio.

Mas se não fosse por isso, entendem os reclamantes que teria tempo para solucionar o problema de centenas ou milhares de gremistas.

Olhem, eu tenho tempo só de desempenhar minha profissão, não sou despachante.

Escrevo isso para apenas desencorajar os que reclamam para mim. Dirijam suas reclamações ao próprio Grêmio. Ou se queixem para a mãe Joana, o que tem de parar são esses calhamaços que me mandam e infernizam a minha vida.

Eu só tenho uma razão para que se manifestem, numa encheção de saco ilimitada, aqueles que afirmam que Maradona foi melhor do que Pelé.

A razão é a seguinte: Pelé tinha cinco ferramentas para se tornar o gênio que foi, dois calcanhares, a cabeça e os dois pés, era ambidestro.

E Maradona tinha só uma ferramentazinha para enfrentar Pelé: o pezinho esquerdo.

Já pensaram se Maradona dispusesse das cinco ferramentas de Pelé?

Se dispusesse delas, talvez pudesse ter feito os 1,3 mil gols de Pelé (contra menos de 300 de Maradona), talvez ganhasse as três Copas do Mundo que Pelé ganhou.

Ah, ia me esquecendo: uma vez Maradona usou de uma segunda ferramenta além do pezinho esquerdo: fez um gol com a mão.

Ponham na cabeça uma coisa, de uma vez por todas: quem trouxe Barcos para o Grêmio fui eu. Não adianta ficarem achando outros autores que não seja o Fábio Koff.

Quem trouxe Dario para o Internacional fui eu, implorei publicamente para o Grêmio trazê-lo, o Inter foi lá e o trouxe.

Eu é que trago os grandes centroavantes para o RS.

Se eu fosse jornalista no tempo do Di Stefano, eu o teria trazido para o Grêmio.

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