domingo, 4 de novembro de 2012


Danuza Leão

Sanatório geral (licença, Chico)

 O PT se prepara para promover uma grande campanha a favor dos pobres condenados

Sempre ouvi falar que decisão da Justiça não se discute, se acata. Mas não é o que acha o Partido dos Trabalhadores.

 Há os que dizem que um passado limpo tem que ser levado em conta na hora da aplicação das penas. Dentro dessa teoria, Marcos Valério não poderia ter sido condenado a 40 anos de prisão, quando o norueguês que matou 77 pessoas foi condenado a 21 anos. E, se o pai de Isabela Nardoni e sua madrasta foram condenados, respectivamente, a 31 e 27 anos de prisão, como então condenar, por crimes que nem foram de sangue, pessoas de "alto valor social", se os crimes destes indivíduos foram apenas de colarinho branco?

 Os exemplos se multiplicam, e o PT se prepara para uma grande campanha a favor dos pobres condenados, valorosos combatentes contra a ditadura que lutaram pela volta da democracia. Nesse tempo eles conviveram com o autoritarismo e, pelo visto, aprenderam e gostaram.

Eles lutaram pela democracia? Lutaram, sim. Assaltaram os cofres públicos para poderem se perpetuar no poder? Assaltaram, sim. Quem diz isso não sou eu, são os ministros do Supremo Tribunal Federal. E, entre acreditar no que dizem os réus, seus advogados e o PT ou em ministros do quilate de Celso de Mello, Ayres Britto, Marco Aurélio Mello, Luiz Fux, Joaquim Barbosa, fico com os últimos.

 Assisti a todas as sessões do mensalão; no início, com alguma dificuldade para entender o que diziam e, depois, já mais familiarizada com o "juridiquês". Lembrei da CPI, dos depoimentos, fiquei sem entender quem enviou o dinheiro para pagar a Duda Mendonça -Mas não é crime enviar dinheiro para o exterior? E quem mandou, afinal?- e confiei no julgamento dos ministros. Afinal, se não se confia no que dizem os ministros da Suprema Corte -tirando uma ou duas exceções-, confiar em quem?

 Ainda vamos ter muito tempo para os acórdãos, os memoriais, o recesso do Judiciário, o Natal, o Carnaval e a Semana Santa, tempo é que não vai faltar. E leio estupefata, na Folha, que José Genoino, condenado por corrupção e formação de quadrilha, tem o apoio do PT para assumir uma vaga na Câmara dos Deputados, já que é suplente de um deputado que foi eleito para a prefeitura de São José dos Campos. O PT apoia, e, segundo o presidente do partido, Genoino vai assumir "sem problema algum". Alguém deve estar louco neste país.

 Os deputados já condenados continuam deputados, e os ministros do Supremo ainda vão decidir se eles vão perder os mandatos. Mas, na opinião do presidente da Câmara, Marcos Maia -do PT, é claro-, a cassação deve passar pelo plenário. E se a maioria dos deputados for contra a cassação, como é que fica?

 Uma curiosidade: que tipo de solidariedade o ex-presidente Lula vai prestar a seus antigos amigos, companheiros que o ajudaram a fundar o partido, que partilharam com ele do poder e que agora estão na pior? Um churrasco seria o mínimo, pela antiga amizade.

 E a pergunta que não quer calar: quem é, afinal, Dilma Rousseff? De quem se trata? Às vezes ela faz um agrado à opinião pública e demite alguns ministros, ministros cujas roubalheiras são chamadas de "malfeitos" e foram denunciadas pela imprensa, pois ela não sabia de nada, claro; seus apagões são chamados de "apaguinhos"; quando Lula chama, ela vai correndo a São Paulo receber suas ordens, tipo nomear Marta Suplicy para um ministério, para em troca ela fazer campanha para o Haddad.

E já se murmura que lá pelo final do ano, quando as coisas tiverem esfriado, pode haver uma anistia geral aos criminosos, basta Lula querer.

 Mas que país.

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