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domingo, 6 de setembro de 2009
ELIANE CANTANHÊDE
Mar adentro
BRASÍLIA - O Brasil se habilita amanhã, quando os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy ratificarem a aliança Brasil-França em Brasília, a ser o sétimo país do seleto time com condições hoje de projetar, construir e operar tanto submarinos convencionais quanto de propulsão nuclear. Um projeto para 2021.
Os outros são os gigantes EUA, França, Reino Unido, Rússia, China e, mais recentemente, a Índia. Mas há uma diferença. Eles operam com submarinos "estratégicos", pesadíssimos, que são de guerra, para ataque de longo alcance.
Já o Brasil optou por um submarino classificado "de ataque", mas bem menor, mais leve, que pode operar torpedos e mísseis de alcance restrito, contra outros submarinos ou navios. Ou seja, apesar da designação, trata-se na verdade de um equipamento de defesa.
A pergunta que não quer calar é por que raios o Brasil, país que convive com milhões de miseráveis, com educação precária e saúde lamentável, vai se meter num negócio desses? A resposta é razoavelmente simples: porque o mar jurisdicional brasileiro deve chegar a 4,5 milhões de Km2. E não é de um governo, é de todos.
É metade de todo o território nacional, com fronteiras virtuais e de difícil controle, com petróleo jorrando. A gente bem sabe como ele é gerador de guerras e invasões. O petróleo é nosso. A Amazônia e a chamada Amazônia Azul também. É preciso ficar alerta contra a cobiça alheia, desde já.
Sem contar o efeito econômico, técnico, científico, comercial e político que irradia de um empreendimento desse porte, ao custo de uma bolada de 6,7 bilhões, diluídos na base de R$ 1 milhão por ano. Um preço justo. Que vale ser pago.
A aliança com a França é estratégica para o país de hoje e do futuro. Lula sai, o mar e as riquezas brasileiras ficam. Ele acerta ao pensar grande, deixando o pacote, o lega- do para o Brasil e o sinal para o mundo.
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