sábado, 26 de setembro de 2009



26 de setembro de 2009
N° 16106 - CLÁUDIA LAITANO


Por que os homens amam o Zé Mayer

José Mayer é o cara – dos caras. O ator tornou-se um dos tópicos mais populares da internet na semana passada, quando estreou a nova novela das oito, não (apenas) por seu sucesso com as mulheres, mas principalmente por causa dos homens.

Recapitulando: a nova brincadeira no Twitter (site de relacionamento que permite que os usuários troquem microtextos de, no máximo, 140 caracteres) consiste em inventar situações em que o estereótipo de garanhão das novelas entra em ação, postadas sob o tópico “zemayerfacts”, algo como “fatos sobre Zé Mayer”.

Tipo: “Zé Mayer foi o responsável pela política do filho único na China após passar férias por lá” ou “Don Juan se deitou com 1.000 mulheres, e foi o Zé Mayer que passou o telefone delas pra ele”, e a minha preferida: “A primeira Helena que o Zé Mayer pegou foi a de Troia”.

José Mayer não estaria interpretando galãs há tanto tempo se não fizesse sucesso com as mulheres (e as novelas da Globo não estariam no ar há mais de 40 anos se não fossem extremamente sensíveis às oscilações de gosto do público feminino), mas o ator só se transformou em fenômeno pop e internético, dando vazão às mais delirantes fantasias de virilidade, porque os homens, por algum motivo, gostam de gostar dele – ou, mais ainda, gostam de imaginar que ele encarna “o que toda mulher quer”.

Um tipo que não é exatamente bonito ou jovem, nem especialmente inteligente ou sensível, e que ainda assim alcança 100% de eficiência em suas abordagens ao sexo oposto – um sujeito comum, só que com um pouquinho mais de sorte.

Em um de seus desempenhos mais emblemáticos, e que provavelmente deu origem à atual fama de garanhão infalível, o Pedro da novela Laços de Família (2000), José Mayer encarnava um capataz que, além de pegar metade do elenco feminino, era grosso, arrogante e só dizia palavras gentis para os cavalos – ou seja, um típico machão à moda antiga, daqueles que não limpam os pés no capacho e não têm medo de levar xingão da mulher quando jogam a toalha molhada na cama.

Quanto mais ele tratava mal as mulheres, mais elas gostavam: na pele de Pedro, José Mayer era o vingador de todos os homens oprimidos por esposas e namoradas que exigem gentilezas, atenção e bons modos à mesa.

Esse herói tosco e pegador ainda tem seu apelo, tanto na fantasia dos homens quanto na das mulheres, mas a consagração de José Mayer como o grande galã televisivo de sua geração talvez tenha menos a ver com o estereótipo que se aderiu a ele do que com a dificuldade da TV (e do cinema) para produzir em série essa curiosa e inquestionável persona masculina chamada galã (uma palavra que sequer comporta gênero feminino).

Enquanto as candidatas a Regina Duarte se contam aos montes, os candidatos a Tarcisio Meira surgem e desaparecem sem que o posto seja ocupado.

Os homens dizem que não sabem o que as mulheres querem, e muitas vezes nem elas sabem. Uma coisa o sucesso do José Mayer comprova: não é apenas um rostinho bonito.

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