sábado, 12 de setembro de 2009



12 de setembro de 2009 | N° 16092
NILSON SOUZA


A ponte

Costumo almoçar no Centro Comercial João Pessoa, que se orgulha de ter sido o primeiro shopping center de Porto Alegre. Inaugurado numa época de nacionalismo extremado – em 1970 éramos 90 milhões em ação e os generais de plantão cunharam um lema para o país (ame-o ou deixe-o) –, o conjunto de lojas ficou conhecido em bom português mesmo.

Agora que os xópins (como gosta de ironizar o Verissimo) viraram moda, quer ser shopping também. Tudo bem, marketing is money.

Vou lá por três motivos: é um lugar simpático, é próximo do meu trabalho e a comida do restaurante das gringas (sem nome, para não parecer comercial) é mais do que honesta. Tem até um requinte que já viciou o meu colega Moisés Mendes. Figos.

Cada vez que vamos lá, ele coloca no prato duas colheres de arroz, massa, fritas, um naco de carne e cobre tudo com aquelas frutinhas verdes que sempre imaginei reservadas para a sobremesa. Deve ficar bom, pois meu companheiro de trabalho se refestela com seu prato.

Pois bem, mas o que quero registrar é que sempre gostei de ir caminhando do jornal até aquele shopping, ou seja lá que nome tenha. São quatro ou cinco quadras, conforme a calçada escolhida. E o percurso tem um atrativo especial: a ponte da Azenha, local do primeiro combate entre farrapos e legalistas, na Revolução Farroupilha.

Só que ultimamente o local tornou-se intransitável para pedestres. Primeiro começou a ficar doloroso passar por lá e visualizar uma população subterrânea de indigentes, convivendo com a sujeira e o mau cheiro do esgoto sob a ponte.

Depois, começaram os achaques. Ninguém consegue caminhar 10 passos naquela área sem ser interrompido por pedintes, muitas vezes de modo agressivo. Quem vai de carro também não escapa do pedágio dos flanelinhas.

Duvido que o Cabo Rocha – que acaba de ser escolhido pelos leitores de Zero Hora como principal protagonista da Revolução Farroupilha – conseguisse atravessar tão facilmente aquela ponte hoje.

Como veem os leitores, meu almoço diário é uma aventura.

Um ótimo sábado e um gostoso fim de semana

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