sábado, 12 de setembro de 2009


CLÓVIS ROSSI

A jabuticaba e o champanhe

SÃO PAULO - Ao contrário do que parece pensar o presidente Lula, a recuperação da economia não é uma jabuticaba, que só dá no Brasil.

No mesmo dia em que o IBGE anunciava crescimento de 1,9% no segundo trimestre, a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, o clubão das 30 maiores economias) soltava os seus "leading indicators", os principais indicadores.

"Mostram, para julho de 2009, fortes sinais de recuperação na maioria das economias da OCDE.

Claros sinais de recuperação são agora visíveis em todas as sete maiores economias, em particular na França e na Itália, assim como na China, na Índia e na Rússia.

Os sinais que vêm do Brasil são também mais encorajadores do que na avaliação do mês passado", diz o comunicado.

Não é por isso que o Brasil não deva comemorar. Ao contrário, deve comemorar duplamente, pela sua própria performance e pela recuperação das grandes economias.
Dispensável dizer que, quanto mais o mundo se afastar da anemia, tanto melhor para o Brasil.

Não custa lembrar que a crise que levou à recessão agora superada também não foi uma jabuticaba. Foi gerada no exterior.

A grande questão que os números levantam, no Brasil como nos países da OCDE, é a mesma que rondou a reunião de ministros da Fazenda do G20, que é composto, na verdade, por 21 países mais a União Europeia: está na hora ou não de começar a desfazer a coleção de pacotes de estímulo adotados para domar a crise?

A resposta coletiva do G20 foi não, bem rotundo.

A do ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, foi idêntica: nem é hora de mais estímulos nem dá para retirar por enquanto os já adotados, até porque a economia ainda não caminharia sem eles. Champanhe, mesmo, só quando a muleta puder ser abandonada.

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