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quarta-feira, 16 de setembro de 2009
16 de setembro de 2009 | N° 16096
MARTHA MEDEIROS
O esporte como ele era
Não deveria ousar escrever sobre o assunto, havendo o David, o Ruy, o Mário Marcos e tantos outros que, em Zero Hora, dominam esse universo e possuem um arquivo de informações que enriquecem seus relatos. No entanto, sem ter a menor intimidade com essa área, vou dar meu pitaco, porque tenho essa mania de abordar temas que não entendo na teoria, mas que meu sentimento avaliza. Então me permitam.
Quando se fala em vida saudável, automaticamente a palavra esporte vem à cabeça. O sedentarismo é a treva. O mundo conspira a favor de caminhadas, raquetadas, dribles, corridas, saques, cestas, escaladas, braçadas, tudo o que coloca o corpo em movimento, acelera os batimentos cardíacos, areja os pulmões e beneficia as articulações.
Esporte. Tudo o que um pai deseja que seu filho pratique, tudo o que buscamos para retardar o envelhecimento, tudo o que qualifica nosso cotidiano, tudo o que facilita as relações sociais. Talvez a única coisa no mundo que não tem contraindicação.
Dá orgulho ver nossas crianças competindo nas escolas, buscando no judô, no vôlei, na natação, na dança e, claro, no futebol, a sua integração com os amigos e com o próprio corpo. Essa é a alma do esporte. Uma atividade que se pratica com entusiasmo. Que libera energia.
Que ocupa os dias de forma positiva. Que educa para frustrações e gera autoestima. Que machuca, mas sara. Que diverte. Que alegra torcidas. Que provoca rixas naturais. Que, descontando a prestação do clube ou o preço do uniforme, não sai tão caro assim. E, não havendo clube, sempre há um campinho, um rio, uma trilha, uma onda, uma ciclovia, uma pista de skate à disposição.
Eis o retrato do esporte amador, aquele que, como já se disse, serve para socialização, prazer pessoal e manutenção da saúde.
Hoje, há outro tipo de esporte. O mafioso. O guerrilheiro. Aquele que coloca os interesses financeiros à frente do espírito esportivo. O que induz ao doping, à farsa, ao jogo sujo.
Os objetivos do esporte já não estão apenas relacionados à saúde, à alegria e à socialização. Não há mais pureza, lazer e desinteresse. Antes discutíamos se o importante era competir ou vencer. Houve uma época em que defendíamos que vencer não era o principal.
Depois passamos a aceitar que, sim, era igualmente íntegro buscar a vitória sem culpa, fosse pela concretização de um sonho, fosse para realizar uma superação ou fosse para ter comida na mesa. Era a busca por uma consagração legítima.
Hoje se buscam vitórias arranjadas, vitórias a qualquer custo, vitórias para sustentar o business, garantir negócios, empurrar a indústria. Nada a ver com resistência física e fazer amigos.
Ainda há aqueles que praticam esporte. São os que correm maratonas sem tomar anabolizantes, que praticam ginástica olímpica sem esconder o equipamento do adversário, que se sentem mais motivados pelo gol do que pelo carrão na garagem, que preferem cumprir a prova até o final, mesmo chegando em último lugar, a perder pra si mesmo, compactuando com interesses ilícitos.
Esporte é o que se pratica. É o que se faz por paixão. Quando deixa de ser a paixão o motivador do esporte, deixa de ser esporte. Invente-se um novo nome pra isso que está aí.
Dia de namorar hoje, são todos os dias. Mas Quarta-feira foi institucionalizado como o "Dia Internacional do Sofá", pois antes namorava-se neste dia nos sofás. Tenhamos todos um bom dia, ainda que com previsão de chuva de hoje até sexta-feira.
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