domingo, 6 de setembro de 2009


CLÓVIS ROSSI

A jovem diáspora da bola

LONDRES - Mesmo nestes tempos em que Barack Obama acha Luiz Inácio Lula da Silva "o cara", não é fácil encontrar nomes de brasileiros nos grandes jornais internacionais. Menos ainda em uma publicação de elite como o "Financial Times".

Mas ontem, na página 3 do "FT", lá estavam Pedro Botelho, Rafael da Silva, Fábio da Silva, todos de 19 anos, e Rodrigo Possebon, 20. Só sabe quem são o PVC, que tem a ficha de jogadores até do Santa Cruz, da quarta divisão.

Sim, são todos jogadores brasileiros de futebol, contratados no berço ainda por clubes ingleses (o Manchester United, no caso dos três últimos, e o Arsenal no caso de Pedro Botelho).
Foram parar no "FT" porque o Chelsea acaba de ser proibido de fazer compras no mercado internacional até 2011, por ter supostamente induzido o garoto francês Gaël Kakuta, então com 16 anos, a romper seu contrato com o Lens e atravessar o canal da Mancha. Sem reforços internacionais, o clube fica prejudicado ante seus grandes rivais.

Mas há um outro lado: a montagem do que o jornal chama de "Brigada Juvenil" com estrangeiros bloqueia o acesso dos meninos britânicos ao objeto de consumo de todos, britânicos ou estrangeiros, que é a Premier League -o multimilionário campeonato inglês.

Do lado de cá, aparece o problema inverso, apontado em artigo para "El País" por José Pekerman, que foi técnico da seleção argentina em todas as categorias: a caça aos jovens pelo futebol europeu esvazia o futebol argentino.

"Futebolistas de todo tipo se vão, sem cumprir os requisitos que antes demandava o mercado" (estabilizar-se em um clube grande ou chegar à seleção), escreve Pekerman. É lógico supor que nomes como Pedro, Rafael, Fábio e Rodrigo indicam que o raciocínio vale também para o futebol brasileiro.

crossi@uol.com.br

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