sábado, 12 de setembro de 2009



Uma orgia de bobagens

Amor & Sexo, novo programa das noites de sexta-feira da Globo, é um show do lugar-comum. Mas cumpre a tarefa de falar de um tema delicado para toda a família



Marcelo Marthe Tv Globo/Divulgação
RAINHA DO SEXO

Fernanda Lima (à esq.) com a atriz Marisa Orth: palatável para adolescentes, pais e avós

No ar nos fins de noite das sextas-feiras, Amor & Sexo propõe-se uma tarefa difícil: falar sobre questões de alcova para o público família que assiste a uma rede aberta como a Globo. "Nossa intenção é transmitir informações úteis sem causar constrangimento dentro dos lares", diz o diretor Ricardo Waddington.

E o programa de auditório conduzido por Fernanda Lima não se sai mal nisso. Tópicos apimentados são colocados em pauta de maneira leve. Por exemplo: um simpático casal de idosos entrevista pessoas nas ruas sobre questões como orgasmo feminino e dimensões do órgão sexual masculino.

Com essa fórmula, Amor & Sexo tem se mostrado palatável tanto para os adolescentes quanto para seus pais e avós (os dois primeiros programas marcaram 18 pontos no ibope, média satisfatória para a faixa em que é transmitido). Oferecer esse tipo de serviço pode ter sua função, vá lá, social.

Mas isso não elimina outra verdade: falar sobre sexo na TV pode ser uma experiência um tanto masturbatória. Há o risco de cair numa abordagem clínica – como ocorre no talk-show Falando de Sexo com Sue Johanson, do GNT, em que a vovó canadense do título desce a minúcias da anatomia para ensinar as vantagens de certa posição sexual.

Ou, então, de enveredar pelo puro lugar-comum – e, nesse quesito, Amor & Sexo já deu fartas demonstrações de seu potencial em apenas três semanas de exibição.

Seu principal quadro, o Strip Quiz, é um exemplo. Artistas do elenco da Globo ficam diante de manequins que vão tendo suas roupas arrancadas se o público não acreditar na sinceridade de suas respostas às perguntas lançadas por Fernanda Lima.

Ao explicar por que haveria uma suposta aversão feminina a ver filmes pornôs, Claudia Raia teorizou: "Na hora do sexo, os homens abrem bem os olhos. As mulheres fecham".

Em outro programa, sua colega Giovanna Antonelli deu sua contribuição ao bestiário, no melhor estilo Augusto Cury: "O mais importante é cada um descobrir a felicidade dentro do seu prazer".

A própria apresentadora não deixa por menos. "A gente não pode ficar só acusando os homens de não conseguirem fazer a mulher chegar ao orgasmo. Afinal, sapo que não pula não come", já pontificou Fernanda.

Nem a psiquiatra Carmita Abdo, que está ali como especialista que fornece esclarecimentos médicos, resiste a dar seus pitacos.

Diante de uma questão clássica ("tamanho é documento?"), ela ensinou: "É preferível um pequenininho brincalhão a um grandão bobalhão". O afrodi-síaco de Amor & Sexo é o humor involuntário.

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