sexta-feira, 18 de setembro de 2009



A crise da crítica ao capitalismo


Em síntese, em sua alentada obra de mais de setecentas páginas, intitulada O novo espírito do capitalismo, os professores franceses Luc Boltanski e Ève Chiapello defendem a interessante e instigante tese de que a verdadeira crise não é do capitalismo e, sim, da crítica que se possa fazer ao sistema capitalista.

Num mundo no qual o capitalismo prospera e a sociedade, em muitos sentidos, se degrada, os autores questionam o crescimento do lucro e, ao mesmo tempo, o aumento da exclusão social.

É bem verdade que a versão original do trabalho foi publicada na França pela primeira vez em 1999 e que de lá para cá muitas mudanças e acontecimentos mundiais enormes ocorreram, entre eles o atentado às Tôrres Gêmeas em Nova Iorque, em 2001 e a crise econômica dos Estados Unidos de 2008, que ainda influencia os rumos econômicos e políticos do planeta.

A partir de um exame inédito dos textos de gestão empresarial e, a partir do momento em que os empresários deixaram de lado o princípio de Henry Ford da organização hierárquica do trabalho e passaram a desenvolver uma nova organização em rede, baseada na iniciativa de seus atores e na autonomia relativa do trabalho, os autores mostram o que foram os imensos custos de garantias materiais e psicológicas ocorridos.

O texto dos autores deve ser enquadrado na grande tradição da sociologia teórica e crítica e, descontados alguns enfoques ideológicos polêmicos, auxilia, sem dúvida, a todos, a estudar e entender o capitalismo desde suas origens até os dias atuais, com ênfase no histórico das críticas feitas ao sistema.

Os autores examinaram com profundidade devida a desconstrução do mundo do trabalho na atualidade e, nas partes finais da obra, convidam a uma reflexão sobre os novos rumos da crítica e lançam ideias para o futuro de um mundo globalizado, no que toca ao relacionamento capital e trabalho.

O volume foi publicado no âmbito do Ano da França no Brasil 2009 e do programa de apoio à publicação Carlos Drummond de Andrade e contou com o apoio do Ministério Francês das Relações Exteriores.

O livro tem 702 páginas, tradução de Ivone C. Benedetti, revisão técnica de Brasílio Sallum Jr e foi publicado pela Editora WMF Martins Fontes, telefone 11-3241-3677.

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