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terça-feira, 1 de setembro de 2009
01 de setembro de 2009
N° 16081 - LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
Viagem no tempo
Às vezes, penso em todos esses mínimos segundos de que se tece o tempo. Os momentos mais felizes, aqueles em que nos encontramos com a melhor realidade de que somos feitos, não passam de uma soma de espaços minúsculos e aparentemente sem limites.
As grandes desilusões não são também mais do que uma rede de pequenos infortúnios, que olhados em conjunto nos parecem maiores do que na verdade são.
Acabo de percorrer alguns livros que falam do passado, do presente e do futuro. Percebi logo de saída que continham frases mais inspiradas do que eu jamais conseguiria conceber. São algumas delas que passo agora aos meus leitores, certo de que não poderiam ser mais reais.
George Santayana escreveu que os que são incapazes de recordar o passado são condenados a repeti-lo. Para Henry Bataille, o passado é um segundo coração que bate em nós. Confúcio aconselhava: Estuda o passado, se quiseres adivinhar o futuro.
Já Shakespeare ensinava: O passado e o futuro nos parecem sempre melhores; o presente, sempre pior. Dryden observava: Sobre o passado, nem o céu tem poder.
Browning era fatalista: O passado está em seu túmulo, embora seu fantasma nos assombre.
Segundo Gide, infelizmente um único passado propõe um único futuro – projeta-o à nossa frente como um ponto infinito sobre o espaço.
T.S. Eliot é filosófico: O tempo presente e o tempo passado / Talvez ambos estejam no tempo futuro, / e o tempo futuro contido no tempo passado.
George Bernard Shaw adverte: Temos tempo bastante para pensar no futuro quando já não temos futuro em que pensar.
Unamuno é terminante: Não há futuro; o verdadeiro futuro é hoje; que é de nós hoje, é esta a única questão.
Teixeira de Pascoaes propõe um enigma: Tenho, às vezes, saudades do futuro, / Como se ele já fora decorrido / Um sentimento escuro de quem, antes da vida houvesse já vivido.
Einstein mostra-se prático: Nunca penso no futuro. Ele chega demasiado cedo.
Camus é enigmático: A verdadeira generosidade para com o futuro consiste em dar tudo ao presente. Mas quem é definitivo é Millôr Fernandes: O passado é o futuro, usado.
Ainda que com previsão de chuva e temporais que tenhamos um boa terça-feira. Uma ótima folga para quem está de folga hoje.
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