quinta-feira, 10 de junho de 2010



10 de junho de 2010 | N° 16362
PAULO SANT’ANA


Notícias sem repercussão

Parece que para tudo, nada mais interessa que não seja a Copa do Mundo.

Já fiquei sabendo de tudo sobre a África do Sul, seu progresso, sua miséria, seus costumes. A TV Globo não fala de outra coisa que não seja a Copa do Mundo e o seu cenário, onde desembarcaram centenas de jornalistas brasileiros e de lá estão mandando notícias à saciedade.

Uma execução tripla em Canoas, o acidente que matou cinco pessoas dentro de um carro ao chocar-se com um caminhão, os assaltos a carros-fortes com mortes em sua esteira, cinco ataques com estupro, o estuprador usando uma mochila cor-de-rosa, ocorreram no Loteamento Timbaúva, Bairro Mario Quintana, em Porto Alegre, mas nada disso repercute, porque a cobertura da mídia remete somente a opinião pública para a Copa do Mundo.

Nem o assassinato brutal de uma menina de 14 anos, que não queria mais saber do ex-namorado e foi atingida por ele com cinco disparos mortais, em Osório, chamou a atenção.

O ex-namorado estava possuído de ciúme, depois de a garota caída no chão com quatro tiros, ainda desferiu um balaço de misericórdia na cabeça dela e tentou sem êxito suicidar-se, nem esse crime passional clássico consegue atrair o interesse da opinião pública.

É só Copa do Mundo, até quem não gosta de futebol está envolto no clima do grande evento.

Nos próximos 30 dias não haverá outro assunto que não seja a Copa do Mundo, nem as sanções da ONU contra o Irã, nem a tensão entre as duas Coreias.

Vamos ver se valerá a pena tanta alienação.

Melhor que venha logo o futebol, já soube mais da África do Sul do que ela merece.

A notícia é tão triste, que nem acredito nela: o leitor Raul F. Torres (rf.torres2010@bol.com.br) afirma que querem lhe cobrar R$ 1.554,26 pela carteira de motorista de seu filho. Fazem no cartão, em seis vezes, ou aceitam financiamento.

A que ponto chegamos, financiamento para adquirir carteira de habilitação. Isso é desumano.

Esta coluna foi o primeiro espaço a anunciar, há anos, que Porto Alegre iria ter seu trânsito completamente engarrafado.

A GM anunciou que sua fábrica de Gravataí vai triplicar a sua meta de produção, passando dos 120 mil veículos anuais para 380 mil. Ótima notícia, que só nos faz lamentar que a Ford foi corrida do RS.

Mas e as nossas estradas e as nossas cidades vão suportar essa carga maciça das montadoras sobre os consumidores?

Está na hora de Porto Alegre assumir a construção de grande obras viárias, viadutos e pistas aéreas que nos transformem mesmo numa metrópole.

Parece que na superfície não há mais espaço para tantos veículos, é hora, pois, urgente, de construírem-se as vias aéreas, como em Los Angeles, Joanesburgo, Tóquio.

Assim não dá para continuar. Há milhares de pessoas que começam a gastar de três a quatro horas para transportar-se do trabalho até seus lares. Isso é uma desumanidade.

Soou o alarma!

Os frequentadores do Bar Tuim, da Rua General Câmara, abrem-se em sorrisos eufóricos: o célebre boteco comprou o bar do lado, vai abrir a parede e dobrará o seu tamanho.

O chope do Tuim e seus bolinhos de bacalhau são os melhores da cidade. O técnico de som Laurinho Pons e o jornalista Wanderley Soares, habitués do Tuim, não cabem em si de contentes.

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