sexta-feira, 18 de junho de 2010



18 de junho de 2010 | N° 16370
PAULO SANT’ANA


Guerra civil

Fiz aniversário terça-feira passada e bondosos leitores, ouvintes e telespectadores me enviaram suas gentis mensagens de congratulações.

Da governadora Yeda Crusius ao prefeito José Fortunati, passando por vários vereadores e deputados, todos me mandaram carinhos.

Além de meus amigos e de meus colegas, para quem a data não passou despercebida.

Agradeço o gracioso presente do Hospital Mãe de Deus e o brinde do Totosinho, do Maurício Sirotsky Neto, constante de brigadeiros e branquinhos em copinhos que foram devorados pelo pessoal aqui dos editoriais, uma delícia como nunca comi igual, nem no Uruguai.

É bom aniversariar. A gente se sente útil para o convívio.

Vi ontem a foto, publicada no Diário Gaúcho de hoje, do arrombamento na Ótica Pupila, na Avenida Presidente Getúlio Vargas, em Alvorada.

A parede da joalheria é grossa. Pois, mesmo assim, os ladrões a abriram com trabalho estafante e deixaram um rombo nos tijolos e cimento, por onde podiam passar mais que dois homens.

Tocou o alarma na casa do dono da ótica, ele levou oito minutos para chegar ao local, mas os ladrões já tinham fugido com joias, relógios e óculos.

É a segunda vez que a loja é arrombada em meio ano.

Por sinal, há alguns moradores de Alvorada que se sentem atingidos quando a imprensa noticia assaltos naquela cidade, acham que se pretende falar mal da cidade.

Não quero atingir ninguém, meu propósito ao comentar roubos que se cometem nas ruas é o de, por alguma forma, colaborar para que diminuam ou desapareçam os atentados contra a propriedade.

Mas é que chama a atenção que nessa avenida de Alvorada, onde se situa a ótica arrombada, na mesma Avenida Presidente Getúlio Vargas, a principal artéria da cidade, os assaltos se verifiquem com assiduidade diária.

Os dois quilômetros que vão da Parada 45 até a Parada 52, são crivados de casas de comércio: todas elas já foram assaltadas e, no caso da Lotérica Dudu, a loja foi assaltada quatro vezes em apenas 30 dias.

O comandante da unidade da Brigada Militar que cobre Alvorada, o 24º BPM, coronel Édson Estivalet Bilhalva, promete ampliar a rede de segurança pública no local, mas é fato inquestionável que, se uma mesma loja é assaltada quatro vezes em um mês e nos dois lados dela, por um quilômetro a cada lado, há assaltos diários no comércio, está falhando o policiamento.

Vários comerciantes da Avenida Presidente Getúlio Vargas, em Alvorada, ouvidos anteontem pela Rádio Gaúcha, disseram comoventemente que cogitam de abandonar suas lojas e encerrar os seus negócios:

– Não tenho condições de ficar trabalhando para pagar mercadoria roubada. Em 10 anos, adquiri um bom crédito, mas agora não posso mais quitar os boletos – disse o dono da ótica.

O dono da lotérica afirma: “Meu prejuízo já soma R$ 100 mil. Já registrei várias ocorrências mas não surtem efeito. Tenho de repor boa parte com recursos próprios”.

Nada de mais grave quando comerciantes ameaçam fechar suas portas por causa da falta de segurança, de assaltos sucessivos.

Quando a malfeitoria começa assim a atingir o metabolismo social, afetando-o gravemente, ferindo os direitos civis, não há dúvida de que vivemos uma espécie de guerra civil.

Ainda mais caracterizada pela impotência dos órgãos de segurança em dominar a ânsia e os métodos da criminalidade.

Quatro assaltos em 30 dias na mesma loja, desculpem, mas é o fim da picada.

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