segunda-feira, 28 de junho de 2010



28 de junho de 2010 | N° 16380
KLEDIR RAMIL


O nome do jogo

No primeiro dia da Copa do Mundo imaginei que o nome do jogo seria Tshabalala. Depois fiquei pensando que talvez fosse Jabulani ou Vuvuzela. “O nome do jogo” é uma expressão usada para identificar o melhor jogador em campo. Acontece que, quando o jogo está chato, meu pensamento começa a buscar diversão em outro lado.

Aí, essa expressão ganha pra mim um outro sentido, mais ao pé da letra, e eu me distraio brincando com as palavras, procurando nomes que tenham algum significado interessante ou uma sonoridade fora do comum.

Há, por exemplo, no time norteamericano um sujeito chamado Altidore. Parece nome de brasileiro que não sabe falar inglês e escreve o que escuta. Aqui no Brasil temos vários nomes assim, esquisitos, tipo Maicoldiéquissom, Uóxinton, Dimi Rêndriquis.

Os jogadores orientais têm nome curtos que soam sempre estranhos para nós: Cha, Cho, Shin. A Grécia tem um Sócrates Papastathopoulos, que de craque só tem o nome. Na África do Sul tem um cara chamado Ngcongca. Dei um nó na língua.

O México tem um Guardado e um Torrado. Particípio passado. Portugal tem um Rolando, no gerúndio. Na Argentina tem o Palermo, que vem a ser o masculino de palerma. A Nigéria tem o Obina original.

A Argélia tem um goleiro chamado Gaouaoui. Não poderia tocar na banda Pouca Vogal. Já o Schweinsteiger da Alemanha poderia fazer um trio com o Gessinger e o Leindecker. No time da Inglaterra tem um Rio.

Na Suíça tem um Tranquillo. Tem jogador chamado Ilha, Rainha, Estrada. Tem um Leão e um Pinto. Tem de tudo. Tem até um sujeito chamado Parede. E ainda tem os coloridos: Blanco, Green, Brown e Bocanegra.

Nesta Copa, nossa seleção brasileira está cheia de nomes comuns. Fora o Maicon, que se enquadra naquele segmento das aberrações dos nomes em ingrêis, nunca tivemos uma equipe com tantos nomes normais: Julio Cesar, Luiz Fabiano, Lucio, Gilberto Silva, Felipe Melo, Daniel Alves, Gomes, Julio Baptista, Nilmar.

Eu gosto. Parece um time de amigos do bairro. Temos ainda alguns apelidos simpáticos: Kaká, Robinho, Dunga, Doni. E os “estrangeiros”: o francês Michel e os castelhanos Juan e Ramires. A única esquisitice fica por conta do Grafite.

Todo esse papo é só pra me acalmar um pouco, enquanto não volta a rolar a Jabulani. O nome do jogo de um torcedor apaixonado é sempre ansiedade.

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