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quinta-feira, 10 de junho de 2010
10 de junho de 2010 | N° 16362
L. F. VERISSIMO
Waka Waka
A Shakira fará um show na pré-abertura da Copa, hoje, em Joanesburgo. Já houve uma pré-pré-festa de inauguração em que a Shakira ensinou como se dança a Waka Waka, a música oficial da Copa. Ontem, uma multidão passou pelo nosso hotel na direção do hotel que hospeda a seleção do Parreira, que fica aqui perto. Um mar amarelo, acompanhado pelo som das vuvuzelas e das buzinas dos carros. As vuvuzelas ganharam.
Parreira não achou boa esta celebração fora de hora, mas escalou alguns jogadores para subirem num ônibus e fazerem um inédito desfile triunfal antes do triunfo. O ônibus circulou no meio da multidão entusiasmada e voltou para o hotel. Dá para imaginar como será a festa se a África do Sul estrear bem contra o México, amanhã. Tudo no espírito da Waka Waka.
Estão dizendo que não se viu um clima assim no país desde a libertação do Mandela e o fim do apartheid. Com perdão do psicologismo barato, acho que a euforia de hoje tem a ver com uma necessidade coletiva de desagravo, de mostrar que a África do Sul merece ser remida dos seus pecados.
O desfile da vitória antecipado pode ter sido um reconhecimento inconsciente de que uma vitória real não virá, mas a vitória fora do campo, a prova de que o país pôde superar seus traumas e organizar uma festa como esta, é um objetivo realista.
O objetivo maior é que o mundo possa pensar na África do Sul sem automaticamente pensar em raça e violência. O entusiasmo contagiante pelo time seria um entusiasmo por outra imagem, e por uma nova forma de autoestima. Fim do psicologismo barato.
É claro que as impressões não morrem e as feridas do passado permanecem abertas. Um apartheid que não diz seu nome, como o que existe no Brasil, é evidente em toda parte.
E é difícil estar aqui e não pensar o tempo todo no que o apartheid oficial significou para o país. O apartheid informou não só suas leis e seus costumes como a sua cultura, alta e baixa.
Os dois prêmios Nobel da África do Sul, Nadine Gordimer e J.C.Coetzee, se notabilizaram pelas suas posições diante das leis raciais tanto quanto pela qualidade literária. E o apartheid produziu uma das personalidades mais notáveis de todos os tempos. O indiscutível cara, o Mandela.
Por sinal, ainda não se sabe se Mandela estará nas festas de inauguração. Suspeita-se que esteja tendo aulas particulares de Waka Waka com a Shakira. O Madiba pode tudo.
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