quarta-feira, 16 de junho de 2010



16 de junho de 2010 | N° 16368
PAULO SANT’ANA


Retranca estraga o futebol

Assistindo a esses jogos de futebol todos, estou cada vez mais convicto de que se deve mudar o critério de pontuação nas disputas.

A minha ideia é de que para a vitória de um time sejam designados dois pontos para ele e, tanto para a derrota quanto para o empate, zero ponto.

Pela minha ideia, em uma partida só vai ganhar pontos (2) o time que obtiver a vitória.

Empatando, o time será castigado tanto quanto se for derrotado, não marcará ponto nenhum.

Esta minha ideia visa a que se extirpe do futebol um grande mal de que ele está sendo vitimado: o das equipes que entram em campo somente com um objetivo, o de não perder.

O futebol é um exercício coletivo que consiste basicamente em atacar e defender. Premiando com um ponto quem empata, está se estimulando que os times empatem e que se renuncie ao requisito ofensivo.

A minha ideia também visa a que não ocorra o que aconteceu ontem em Brasil x Coreia: só um time vise à vitória, o outro simplesmente se disponha de maneira defensiva, sonhando com o ponto de empate. Isso descaracteriza o futebol, evita a riqueza e a atração desse esporte, que é a busca alternada do gol por ambas as equipes.

Empate, zero ponto. Só com vitória, o time ganhará dois pontos. Já pensaram como ficará atraente o futebol, eliminando para sempre o cancro da retranca?

Por sinal, quando se deixou de atribuir dois pontos à equipe vitoriosa e passou-se o prêmio para três pontos, essa modificação já tinha o fim de exorcizar a retranca, restando a diferença entre três pontos por vitória e um por empate como mais larga.

Pois com zero ponto para o empate, acabará para sempre essa distorção esdrúxula de um time entrar em campo só para defender-se, estratégia que, por sinal, é exclusiva do futebol, entre todos os esportes: em nenhum outro esporte, entre todos, alguém entra em cancha só para empatar.

Tem de acabar isso também no futebol.

Ele assim se tornará um espetáculo muito mais atraente e lógico.

O time da Coreia do Norte é mais fechado que o regime do seu ditador, Kim Jong-Il.

O problema foi o gol da Coreia do Norte, autoria do Yun Nam, se ele não tivesse sido feito, hoje os nossos jornais estariam classificando de satisfatória a vitória brasileira.

Não foi, portanto, um problema o gol de Yun Nam, foi uma solução: com ele, o Brasil fica advertido de que não é uma grande seleção, que não conta com jogadores brilhantes e que vai ter de fazer muita força para se tornar hexa.

Resta agora só saber se o Brasil se dará bem nesta Copa contra adversários que não jogarão retrancados, terá mais espaço para atacar? Ou soçobrará na defesa, que afinal tomou um gol ontem de um time retrancado?

O Brasil saiu de campo ontem debaixo de uma dúvida: é só aquilo que joga? Se for só aquilo e caso não seja auxiliado pela arbitragem, não traz o título.

Tudo indica que Costa do Marfim e Portugal sejam melhores que a Coreia do Norte. E, diante desse time que é o pior do grupo, a Coreia do Norte, o Brasil teria conseguido ontem a vitória rala e inexpressiva de apenas 2 a 1.

Barbas de molho, seu Dunga!

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