quarta-feira, 23 de junho de 2010



23 de junho de 2010 | N° 16375
MARTHA MEDEIROS


Parece, mas não é

Creio que já contei essa história umas sete vezes, mas vamos para a oitava: quando guria, participei de uma gincana escolar em que uma das tarefas era levar ao colégio um jogador de futebol de seleção.

Não me pergunte como, mas quando vi estava na casa do Figueroa, zagueiro do Inter, que na época defendia a seleção do seu país, o Chile. Ele combinou comigo que dali a uma hora estaria no Bom Conselho assinando sua presença para minha equipe.

Dei umas voltas e, quando cheguei ao colégio, soube que ele já havia estado lá e ido embora, mas garantiram que havia assinado para a equipe da Martha Medeiros – foi quando eu descobri que havia outra Martha Medeiros no colégio, que ficou com os pontos que eram nossos.

Minha primeira homônima não me deixou boas lembranças, mas agora tenho uma outra que rende histórias divertidas. Aliás, o verbo render está bem empregado aqui, pois ela é uma estilista de Maceió que usa renda na maioria das suas belas roupas, e ela está cada dia mais famosa, tem loja em São Paulo e suas criações já estamparam editoriais da Elle, Vogue e outras revistas de moda. Se eu a conheço? Ainda não pessoalmente.

É uma frase que nunca imaginei escrever: eu só conheço a Martha Medeiros por telefone. E a gente ri muito com as confusões que são geradas por termos o mesmo nome. Eu não possuo site oficial, ela sim: www.marthamedeiros.com.br. Já cansei de receber e-mails de leitores que entram no site e, distraídos, se surpreendem por eu, além de escrever, ser uma stylish reconhecida e prestigiada. Logo eu, que mal sei pregar um botão.

Por outro lado, ela me contou que uma vez se hospedou num hotel em Brasília. Chegou à recepção e teve uma surpresa: o gerente havia trocado o apartamento standard que ela reservara por uma suíte master. Ao entrar no quarto, flores e uma cesta de frutas a aguardavam, com um singelo cartão: “Seja bem-vinda ao nosso hotel. Gostamos muito do que a senhora escreve”.

Ela, educadíssima, desfez a confusão, e o gerente do hotel, igualmente educado, a manteve na suíte master, óbvio. Quando ela me contou, às gargalhadas, sobre as mordomias que estava desfrutando em meu nome, não acreditei: “Já estive em tudo quanto é hotel do Brasil e nunca me transferiram para uma suíte master, é injusto!”. E ela tripudia: “Comigo já aconteceu duas vezes por sua causa”.

Ela está no extremo norte e eu no extremo sul do país, eu costurando minha carreira de escritora, ela escrevendo sua história como estilista. Um programa de TV já tentou nos reunir para uma entrevista, mas acabou não rolando. Pena. Será que tenho afinidades com a Martha Medeiros?

Quase todas as pessoas com nomes simples possuem homônimos espalhados pelo Brasil. Não duvido que haja quem pense que foi nosso vice-presidente quem escreveu Iracema.

Isso pode ser divertido e pode ser um incômodo, no caso de seu homônimo ser um assassino procurado pela polícia. No caso da Martha e do meu, é apenas uma graça que a vida nos concedeu. Mas ai dela se fizer alguma besteira. E ai de mim. Agora temos um nome a zelar por nós duas.

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