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sexta-feira, 25 de junho de 2010
25 de junho de 2010 | N° 16377
DAVID COIMBRA
Tudo vale a pena, se a alma não é pequena
O último suspiro de Fernando Pessoa, as palavras que escreveu para morrer logo depois de lhes pingar o ponto final, contrastam, dramaticamente, com o lema da sua vida. Porque um dia o poeta declarou, como uma profissão de fé:
“Minha pátria é a língua portuguesa”.
Mas a derradeira mensagem deixada pelo maior poeta da língua portuguesa depois de Camões, a frase que lhe brotou do leito de morte foi escrita na língua de Shakespeare.
Por causa de Durban.
Isso mesmo: essa cidade onde as seleções de Portugal e Brasil se enfrentam hoje, no novíssimo Estádio Moses Mabhida, teve grande influência na vida de Fernando Pessoa. Aqui ele viveu durante parte da infância e da adolescência. Aqui ele estudou, fez o Ensino Médio na Durban High School, escola pública de alto nível que visitei ontem pela manhã.
A escola estava fechada, os alunos estão em férias, mas os administradores concordaram em abri-la em nome da informação jornalística.
Nota-se, por sua estrutura, que a escola é de alto nível: prédios limpos, amplos e bem cuidados. Um campo oficial de futebol e um de rúgbi, ambos prontos para sediar jogos da primeira divisão. Piscina olímpica. No pátio há um busto de Fernando Pessoa feito em 2005. O poeta está sem óculos na escultura. Não parece com ele.
Quase não há registros da passagem de Fernando Pessoa pela escola, mas os sul-africanos reconhecem que um grande poeta estrangeiro viveu entre eles no começo do século 20. No centro de Durban existe outro busto de Pessoa, este com óculos e chapéu, correspondente à imagem que a posteridade tem dele. Na placa de identificação, além do nome do homenageado, estão impressos, em inglês, alguns de seus mais famosos versos, colhidos do imortal poema Mar Português:
“Oh, mar salgado
Quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal?”
Por essa poesia, bem como por tantas outras, nota-se a força do sentimento lusitano de Fernando Pessoa. Mas será que torceria para Portugal, se estivesse vivo e assistisse à partida de hoje? Afinal, ele disse que sua pátria era a língua, e o Brasil é o maior país de língua portuguesa do mundo.
Mas talvez o poeta não estivesse sendo completamente sincero. É possível. Foi ele mesmo quem um dia escreveu:
“O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente”.
Há lógica nesta hipótese, porque Fernando Pessoa alfabetizou-se em inglês e até escreveu poesias em inglês. Como:
“A kiss is more than a touch of lips –
it is a touch of two hearts,
of two souls,
of two glowing portions of the life spirit.”
Na tosca tradução de minha lavra:
“Um beijo é mais que um encontro de lábios –
É um encontro de dois corações
De duas almas
De duas luminosas porções de espírito da vida”.
Fernando Pessoa, portanto, sabia amar em inglês. Mais do que isso: soube morrer em inglês. Precisamente às 20h30min de 30 de novembro de 1935, aos 47 anos de idade, o poeta deve ter pressentido que não resistiria aos efeitos da cirrose hepática que o afligia. Pediu os óculos redondos e, pouco antes de expirar, escreveu:
“I know not what tomorrow will bring”.
“Eu não sei o que o amanhã trará”.
Dunga também não.
Os três segredos de Fátima
Conversei ontem com Fátima Bernardes, com quem deparei no Centro de Imprensa do Estádio Moses Mabhida, em Durban, onde o Brasil enfrentará Portugal hoje. Estava com boa aparência, a Fátima, cabelo preso por uma tiara, blusa verde da Globo, calça preta justa, botas pretas de cano alto, voz maviosa, como se ouve todas as noites no Jornal Nacional.
Perguntei-lhe sobre os boatos que incendeiam a internet: que ela teria sido expulsa da concentração por Dunga; que ela teria perdido a voz; que estaria voltando derrotada ao Brasil. Fátima balançou a cabeça:
– Não posso acreditar que quem inventou tudo isso foi um colega nosso…
Fátima Bernardes, portanto:
1. Não voltou nem está voltando ao Brasil.
2. Não perdeu e não parece prestes a perder a voz.
3. Não se encontrou com Dunga, não discutiu com ele, não foi expulsa por ele de lugar algum.
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