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terça-feira, 22 de junho de 2010
22 de junho de 2010 | N° 16374
PAULO SANT’ANA
Dunga às turras
Tinha me esquecido de comentar o episódio acontecido na semana passada, na Câmara Federal.
Os deputados resolveram fazer um bolão, a dinheiro, que apontaria o vencedor sobre quem faria o primeiro gol do Brasil contra a Coreia do Norte.
Quem fez o gol foi Maicon e quem ganhou o bolão foi o deputado Paulo Maluf.
Não sei por que me lembrei do bolão aquele da Mega Sena em Novo Hamburgo.
Mas é claro que onde entra dinheiro sempre ganha o Maluf.
Alguém entraria em um bolão sabendo que o Paulo Maluf participa?
A entrevista coletiva com o treinador Dunga, após o jogo contra a Costa do Marfim, era para ser tranquila e serena. Afinal, o Brasil ganhou bem e praticamente garantiu a classificação.
Mas havia Dunga e o mau humor de Dunga. Incompreensivelmente, sem nenhuma razão aparente, Dunga resolveu encrencar-se com o repórter Alex Escobar, da Rede Globo.
Interpelou o repórter, perguntando-lhe se havia algum problema e logo a seguir pronunciou vários palavrões, entre eles merda e cagão.
Ninguém entendeu nada, Dunga estava se metendo a valentão.
É possível que haja alguém acima de Dunga apoiando-o nessa birra contra a imprensa. Não pode ser só da cabeça de Dunga essa má vontade com a imprensa.
A imprensa não é santinha, mas nada há, entre as palavras que ela pronuncia, de ofensivo para que Dunga fique assim armado contra a mídia, absolutamente de mau humor, agora partindo para a ofensa pessoal em atrito que ele provoca e tem origem desconhecida.
Será que Ricardo Teixeira apoia Dunga nessas tropelias? O certo seria o dirigente chamar o treinador a no mínimo adverti-lo para o comportamento estranho e agressivo que teve na entrevista coletiva.
Saindo assim impune de uma agressão verbal, diante dos microfones e das câmeras de televisão do mundo inteiro, Dunga fica estimulado a essa conduta agressiva e mal-humorada para o futuro, nada indicando que esse clima de animosidade que parece ser criado por ele se extinga.
Não creio que Dunga deseje isso, mas a impressão que ele deixou domingo foi de que é um homem perigoso.
Evidentemente que, com milhares de jornalistas brasileiros escrevendo e falando nos seus espaços de jornal, rádio e televisão, hão de acontecer críticas ao treinador da Seleção, aos seus critérios ou até ao seu modo de ser. É inevitável que isso o ocorra.
O treinador, então, tem de encarar isto, que pode se chamar de pressão, de forma esportiva e cordial.
Mas não é só o Dunga, muitos dos nossos treinadores revelam uma impaciência, um mau humor e uma agressividade que desembocam sempre na entrevista coletiva.
Havia há pouco tempo um treinador do Internacional que, mal começava a entrevista coletiva, e todos os ouvintes já ficavam esperando que ele se estourasse, alguns ouvintes tinham até medo de que isso acontecesse.
Está virando costume entre nós mau humor de treinador com a imprensa e atritos nas entrevistas coletivas.
E uma prova de que os errados são esses treinadores é que muitos deles nunca tiveram ou têm atrito com a imprensa. E com certeza foram alvos de críticas.
É só uma questão de temperamento.
E temperamento turrão como o de Dunga não é compatível com cargo tão publicamente exposto como o de técnico do Brasil.
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