Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 26 de junho de 2010
27 de junho de 2010 | N° 16379
L. F. VERISSIMO
Estereótipos
Os ingleses espalharam algumas coisas boas pelo seu império, como o futebol e o rúgbi, além do parlamentarismo e o chá das cinco. Em compensação, também inventaram e propagaram o críquete, certamente o esporte mais aborrecido do mundo depois do beisebol americano, aquele em que os jogadores passam mais tempo ajeitando o boné do que jogando.
Era compreensível que, no futebol e no rúgbi, algumas ex-colônias inglesas acabassem jogando melhor do que a metrópole, mas também no críquete – um jogo feito para cavalheiros ingleses vestidos de branco se exibirem para suas namoradas, todas elas chamadas Fiona – os nativos tomaram conta. Hoje é jogado por gente de todas as cores, do Paquistão à Nova Zelândia. Aqui mesmo, na África do Sul, ocupa um bom espaço do noticiário esportivo e tem suas celebridades, festejadas como as do futebol e do rúgbi.
O que só prova como os estereótipos raciais e culturais valem pouco. Houve um tempo em que, no Brasil, se atribuía a superioridade do nosso futebol à nossa mistura racial (elasticidade natural do negro, herdada da sua convivência ancestral com feras na África, aquelas bobagens) e à cintura dura do resto do mundo.
Quando o Brasil perdia para um time de cintura dura, era porque não jogara brasileiramente, não fizera valer o seu ritmo e a sua ginga. O estereótipo não explicava a habilidade argentina, por exemplo, nem a surpresa da seleção húngara do Armando Nogueira, como o Nelson Rodrigues chamava a seleção que assombrara todo o mundo, e o Armando mais do que todos, na Copa de 54. Mas persistia.
Persiste até hoje, e não apenas entre brasileiros. Não é raro ver o time do Brasil chamado aqui de “The Samba Kings”. Geralmente como prelúdio para a pergunta: “Que fim levou o samba?”
O espanto que causa ver uma Eslováquia jogando como joga é o mesmo que deve ter causado a primeira visão de um paquistanês jogando críquete como um inglês. O jogo da Holanda contra Camarões, na quinta-feira, não valia nada, mas valeu pela estreia na Copa do jogador Robben, que estava lesionado.
Robben, mais branco do que a rainha da Holanda, com sua careca precoce e sua cara de professor de trabalhos manuais, seria o protótipo do jogador sem cintura que nunca poderia jogar futebol. Joga muito.
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