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quarta-feira, 2 de junho de 2010
02 de junho de 2010 | N° 16354
DAVID COIMBRA
O homem que virou um país
Esse Zimbábue, que ora o Brasil enfrenta em suave amistoso, esse Zimbábue já foi Rodésia, e nem faz tanto. Interessante é o porquê do nome. Foi por um único homem, um inglês chamado Cecil Rhodes.
Um tipo impressionante, Rhodes. Era empresário, não militar, mas ainda assim conseguiu dominar um país inteiro, a ponto de perfilhá-lo. Rhodes atuava como os piratas britânicos dos séculos 16 e 17, que tinham carta de corso para pilhar navios de outros países. Também ele agia em nome da coroa, uma espécie de parceria público-privada. Ganhava Rhodes, ganhava a rainha, ganhavam os ingleses. Perdiam os africanos, mas quem se importa com eles?
Rhodes conheceu o chamado Continente Negro aos 17 anos, quando passou uma temporada na África do Sul para curar uma tuberculose – não devido à excelência dos hospitais sul-africanos, ressalte-se, e sim devido ao clima. Apaixonou-se pelo lugar. Tanto que decidiu ficar com ele.
Rhodes achava que o Senhor o incumbira de conquistar a Terra em toda a sua imensidão, inclusive o IAPI, para o império britânico. Ou seja: Deus não é brasileiro, é inglês. Tem lógica.
Rhodes argumentava que a vantagem de todos sermos britânicos é que não haveria mais guerras. Não se pode dizer que estivesse errado, mas penso que a principal vantagem seria não precisar mais fazer curso de inglês e ser conterrâneo dos Beatles.
O plano de Rhodes para a África era esticar uma faixa de terra da Cidade do Cabo ao Cairo e transformá-la em colônia inglesa. Não conseguiu, mas ganhou de presente um país de 390 mil quilômetros quadrados, mais do que o Rio Grande do Sul.
Dele disse um dia Mark Twain:
– Quando Rhodes se erguia na Cidade do Cabo, sua sombra caía sobre o Zambeze.
Bonito, mas Rhodes achava isso pouco. Sua última frase, balbuciada minutos antes de morrer, foi:
– Tão pouco tempo e tanto para ser feito...
Uma noite, nos anos 80, eu disse essa frase quando aquela morena cruzou as pernas lustrosas na minha frente e...
Mas isso não interessa agora. O que interessa é Rhodes. Ao morrer, no começo do século 20, ele fez questão de ser sepultado no mesmo local em que repousavam os restos de um rei do Sul da África. Ainda deve estar lá, suponho.
No fim dos anos 70, a Rodésia, livre de Rhodes, não tinha razão de continuar Rodésia. Tornou-se Zimbábue. No início dos 80, outro Rhodes surgiu: Robert Mugabe virou presidente e nunca mais desvirou. Nesses 30 anos de ditadura disfarçada, Mugabe foi dilapidando o país aos poucos. Hoje o Zimbábue é um dos lugares mais miseráveis do mundo.
A inflação é tão alta que tempos atrás o governo lançou uma nota de 100 trilhões de dólares zimbabuanos. Em novembro de 2008 a inflação chegou a 516 quiquilhões. Não consigo imaginar quanto é um quinquilhão, mas gostaria de ter um quinquilhão de reais. REAIS, não dólares zimbabuanos.
No Zimbábue, cada grupo de mil habitantes dispõe, em média, de: 50 automóveis, 30 celulares, 52 computadores, 30 televisores e 0,1 médicos. Só no quesito celulares lembro que, dia desses, saiu a notícia de que as operadoras preveem que todos os brasileiros terão o seu até o fim do ano.
No Zimbábue o desemprego chega a 88%. É por isso que os zimbabuanos fogem para a África do Sul, para se ocupar em subempregos ou formar quadrilhas. Donde, o preconceito que os sul-africanos alimentam contra eles.
O Manoel Soares, nosso colega da equipe que vai à Copa, foi aconselhado a desfazer suas alegres trancinhas, porque elas o fazem parecer um zimbabuano, o que pode ser perigoso na África do Sul.
Foi esse país que pagou US$ 1,8 milhão para fazer um amistoso com o Brasil. Não é de se estranhar. Existem países muito pobres no mundo, mas todos os governos são ricos.
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