quinta-feira, 4 de outubro de 2007



04 de outubro de 2007
N° 15376 - Nilson Souza


Entre o santo e o dragão


Aprendi na minha última aula de inglês que a ordem de nascimento de uma criança na família pode ser determinante para a formação de sua personalidade futura. Minha teacher me fez trabalhar um texto baseado em estudos psicanalíticos que revelam as diferentes características das pessoas, de acordo com sua posição familiar.

É bem interessante: o mais velho tende a ser mandão, mas também responsável; o do meio costuma ser sociável, mas também pode ser ciumento; o mais novo tem mais chance de usar a sedução para conseguir o que quer, mas também pode se tornar um preguiçoso porque recebe tudo de mão beijada.

E o filho único, cada vez mais freqüente nos tempos atuais, transita entre o egoísmo e a organização.

Diz ainda o texto que o filho mais velho tende a se tornar autoconfiante e a ser um bom líder, mas pode também ficar autoritário e até agressivo quando não fazem o que ele quer.

A pesquisa mostra que normalmente o primogênito é bom para se comunicar, porque aprendeu a falar com os pais e não com irmãos e irmãs, portadores de vocabulário mais pobre. O primeiro a nascer costuma ser mais responsável, também pode ser uma pessoa que se preocupa demais.

O filho do meio, ou um dos filhos do meio como este cronista, tem tendência a se tornar independente e competitivo, pois precisa disputar com os irmãos aquilo que deseja.

Mas, bem orientado, pode virar também cooperativo, bom negociador e sociável, já que tem sempre com quem interagir. Corre o risco, porém, de ser ciumento e temperamental, se desconfia que os pais preferem os irmãos mais velhos.

Já o caçula da família costuma usar o charme para conseguir o que quer. Desenvolve de tal maneira a capacidade de encantar, que pode até se transformar num manipulador.

Como tem sempre alguém para ajudá-lo, e ele sabe conquistar simpatias, também tende à preguiça. Costuma ser afetivo, mas não é muito independente.

E chega-se ao filho único, que não precisa dividir as atenções dos pais com ninguém. Normalmente é organizado, responsável e imaginativo, mas tem dificuldade para se comunicar, torna-se excessivamente sensível a críticas e transita no limite do egoísmo.

Claro que nada disso é regra imutável. Sempre lembro de uma história contada por Luis Fernando Verissimo sobre a mãe que criou os três filhos da mesma maneira, fazendo-os rezar todos os dias no mesmo horário, a mesma oração e para o mesmo santo.

Segundo o escritor, um ficou devoto de São Jorge, outro do cavalo e outro do dragão.

Somos assim, imprevisíveis. Como diz a propaganda da novela, somos ao mesmo tempo iguais e diferentes.

Chove nesta Porto e por isso não está lá muito alegre. Mesmo assim, uma ótima quinta-feira a todos nós.

Nenhum comentário: