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As urnas e os governos que apoiaram a Ucrânia
Os resultados eleitorais recentes mostram um padrão: governos de países que mais investiram recursos financeiros na Ucrânia, na guerra contra a Rússia, pagaram um preço alto com derrota nas urnas.
O exemplo mais recente é a Alemanha, onde, no domingo, a centro-esquerda do chanceler Olaf Scholz sofreu derrota histórica, a maior desde 1949. Perdeu a eleição legislativa para os conservadores, que voltam ao poder, e para a extrema direita da AfD.
Essa punição no voto pela opinião pública já havia sido sentida pelo Partido Democrata nos Estados Unidos. Joe Biden, que fez do apoio à Ucrânia uma de suas principais agendas na política externa, não conseguiu eleger como sucessora Kamala Harris.
Antes, em julho, no Reino Unido, o governo do primeiro-ministro conservador Rishi Sunak, um dos principais fiadores da Ucrânia contra Vladimir Putin, foi derrotado de forma esmagadora pelo Partido Trabalhista, liderado por Keir Starmer. E, na França, a coalizão de esquerda Nova Frente Popular obteve o maior número de assentos na Assembleia Nacional, embora sem força suficiente para governar sozinha. A coalizão governista, Juntos, ficou em segundo lugar.
Diante do risco de a Ucrânia ficar sozinha na guerra, líderes europeus e do Canadá visitaram Kiev para marcar os três anos da guerra - e demonstrar apoio. Além da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, os visitantes incluíram o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e os líderes de Espanha, Dinamarca, Estônia, Finlândia, Islândia, Letônia, Lituânia, Noruega e Suécia, bem como o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e a vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas. _
O Papa e a carta de renúncia
Desde a renúncia de Bento XVI, em 2013, a saída de um papa devido a problemas de saúde é algo relativamente normalizado na Santa Sé. O próprio Francisco, desde que foi eleito, tem buscado dar mais transparência à gestão da Igreja. Ele anunciou, em uma entrevista ao jornal espanhol ABC, em 2022, ter escrito uma carta de renúncia entregue ao então secretário de Estado, cardeal Tarcísio Bertone. A ideia é que o documento seja usado caso ele fique inconsciente, por exemplo. _
Entrega e condições - O que disse Francisco
"Assinei a renúncia e disse a ele (Bertone): ?Em caso de impedimento médico ou algo assim, aqui está minha renúncia. Você a tem?."
Questionado se queria que esse fato fosse conhecido, Francisco respondeu: "É por isso que estou lhe contando".
Ele acrescentou que não sabia o que Bertone fez posteriormente com a carta. Acredita que a teria entregue ao sucessor na Secretaria de Estado, cardeal Pietro Parolin.
Texto e suposições
Não é a primeira carta do tipo na história da Igreja.
Paulo VI, e possivelmente Pio XII, também tomoumedida semelhante.
O texto da carta de Francisco não é público, e as condições que ele estipulou para sua renúncia são desconhecidas.
Supõe-se que, caso a carta seja utilizada e o Papa renuncie, o comando da Igreja ficaria a cargo do decano do colégio cardinalício, cardeal Giovanni Battista Re, de 91 anos.
Mandatos prorrogados
Recentemente, Francisco prorrogou os mandatos do decano e do vice-decano do Colégio de Cardeais.
O Papa havia limitado o mandato do cardeal decano a cinco anos em 2019. O mandato de Re havia expirado em meados de janeiro.
Entrevista - Vitorio Sorotiuk - Presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira
"Ninguém quer a paz do cemitério"
O advogado Vitorio Sorotiuk preside a Representação Central Ucraniano-Brasileira (RCUB). À coluna, ele comentou os três anos da invasão russa e a exclusão da Ucrânia da mesa de negociações sobre seu próprio futuro.
Como o senhor avalia a situação na Ucrânia, três anos depois do início da guerra?
A gente está em uma situação delicada. Primeiro, a Ucrânia resistiu durante três anos ao segundo maior exército do planeta. Heroicamente. De um lado, foi a derrota do Putin por não ter conseguido mudar a Ucrânia inteira, mas, por outro lado, ele está ocupando 20% do território da Ucrânia. Nesse momento, se tinha uma oligarquia tanto na Ucrânia quanto na Rússia, principalmente, que a gente chama o reino das oligarcas, nos Estados Unidos também passou para o domínio de oligarquias.
De um novo tipo: homens que jogam por debaixo do tapete todos os princípios civilizatórios e legais que a humanidade construiu nos escombros da Segunda Guerra Mundial, como as Nações Unidas e todas as normas internacionais. Está vindo um pragmatismo de interesses puramente econômicos: os EUA se somam à Rússia para pegar as riquezas do país. A situação torna-se mais complicada. É claro que todo mundo deseja a paz. Mas no cemitério também tem paz. E ninguém quer a paz do cemitério. E ninguém quer a paz do agressor.
O que significa a eventual vitória da Rússia?
Regride-se a um período anterior a 1945, com as regras anteriores. É isso que a administração Donald Trump está fazendo em nível internacional.
Como o senhor avalia o fato de a Ucrânia não ter sido chamada para negociar seu próprio futuro?
Hoje (ontem), Emmanuel Macron está com Trump. Não é uma questão ucraniana, é europeia. Você tem um país que faz fronteira com Lituânia, Letônia e Estônia, a Finlândia foi obrigada a entrar na Otan. Espero que essa semana, Macron converse com Trump, o representante britânico também irá falar com ele.
Zelensky tinha de estar envolvido nessas conversas?
Obrigatoriamente. Na Rússia com o Putin houve uma regressão na questão da criminalização da violência contra a mulher, virou um caso de problema doméstico. (Há) eleição fraudada, há 20 anos Putin se reelege. Jornalistas, a maioria está no exílio. É uma ditadura e um novo termo que cunhou-se hoje, de um fascismo russo, chamado ruscismo.
O que o senhor acha que vai ocorrer com a Ucrânia nas próximas semanas?
Hoje a Europa reagiu, com uma nova onda de sanções contra a Rússia. O próprio Zelensky disse que temos de criar o exército europeu agora, vai levar ao fortalecimento militar da Europa, e a questão da Europa é gastar mais em armamento. Na verdade, estava muito cômodo embaixo do guarda-chuva dos EUA, mas eles são imprevisíveis. _
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