quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025


Outra ameaça temível de Trump ao Brasil

Como a coluna já relatou, os Estados Unidos têm superávit na balança comercial com o Brasil há ao menos uma década. Isso significa que compramos, como país, mais produtos americanos do que vendemos mercadorias nacionais. Em tese, Donald Trump não teria motivo para atrapalhar esses negócios, mas... a tarifa de 25% sobre aço e alumínio pode não ser a única a afetar a corrente de comércio.

Na sexta-feira passada, ainda antes de avisar, no domingo seguinte, sobre os dois produtos específicos para todos os países, Trump havia feito outra ameaça: impor tarifas sobre importações americanas iguais às que parceiros comerciais impõem sobre exportações de seu país.

Esse é outro risco potencial para o Brasil, que cobra mais para permitir a entrada de produtos americanos no Brasil do que os EUA cobram na entrada de produtos brasileiros lá.

Vendas aos EUA têm manufaturados

Nesse caso, seria ainda mais danoso para o Brasil. Nos últimos anos, as exportações do Brasil aos EUA ganharam mais componentes manufaturados, ou seja, com o famoso "maior valor agregado" sempre ambicionado nas vendas ao Exterior. No geral, as do Brasil são dominadas por matérias-primas básicas (commodities), como soja, minério de ferro e, mais recentemente, petróleo.

Exportar manufaturados ou semimanufaturados ajuda não só a elevar a entrada de dólares no Brasil como gerar trabalho e renda dentro do país, em vez de "exportar empregos", como muitos especialistas classificam as exportações de commodities.

Essa é uma ameaça temível porque o imposto de importação médio aplicado no Brasil é de 11,2%, enquanto nos EUA é de 3,3%. Embora nesse caso teria amparo em dados, a concretização dessa bravata teria menor probabilidade do que a aplicação da tarifa sobre aço e alumínio. É usual que países desenvolvidos tenham impostos de importação menores do que os emergentes. Mesmo assim, como se trata de Trump e sua imprevisibilidade estratégica, é melhor estar preparado. _

O Instituto Aço Brasil avalia que os governos de Brasil e EUA devem conversar e restabelecer o fluxo de aço para os EUA nas bases do acordo de 2018, com cota de 3,5 milhões de t de semiacabados/placas e 687 mil t de laminados.

Hotel gaúcho é centro do Carnaval carioca

Em 2018, a gaúcha ICH Administração de Hotéis, dona da marca Intercity, começou a operar um hotel na zona portuária do Rio de Janeiro, área depreciada até poucos anos antes. Uma atuação transformou a área em Porto Maravilha - onde fica o Museu do Amanhã - e o hotel gaúcho que está localizado a apenas dois quilômetros da Marquês de Sapucaí passou a se aproximar do Carnaval carioca.

Neste ano, em parceria com a Riotur, virou hospedagem oficial da Corte Real do Carnaval, ou seja, rei momo, rainha, princesas, muso e musa, mais - pela primeira vez, uma pessoa não binária, mostrando a manutenção do compromisso do empreendimento com a diversidade.

Neste mês e até 8 de março, quando ocorre o Desfile das Campeãs, o hotel e a Riotur oferecem aos hóspedes aulas de samba, exposição de fantasias e adereços - incluindo a fantasia oficial do rei momo.

Outra "promessa" do Intercity Porto Maravilha é a possibilidade de encontrar, na hora do café da manhã, artistas como Pablo Vittar, Glória Groove, Juliete, Titãs e outros. Nesse caso, a parceria prevê que essas estrelas dos megablocos do carnaval de rua fiquem hospedados na cidade nessa unidade. _

Nem tarifaço faz dólar subir

Nem a oficialização da tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio dos EUA fez o dólar voltar a subir para o patamar de R$ 5,80. A confirmação até trouxe nervosismo ao câmbio na manhã de ontem, quando a moeda chegou a ser cotada em R$ 5,805, mas - outra vez - não sustentou. Fechou em baixa de 0,31%, para R$ 5,767.

Como o imposto de importação deve começar a valer apenas em 12 de março, há expectativa de que ocorram mudanças nas regras, como isenções ou cotas, o que amorteceria o impacto da medida. O curioso é que Trump gravou um vídeo afirmando que isso não ocorrerá.

O movimento sugere que o mercado está mais cético em relação a ameaças do republicano, que corre o risco de passar a anunciar "a última de Trump". Analistas observam que, após o exagero no final do ano passado, agora há maior cautela, diferenciando bravatas de medidas de real impacto econômico.

E nem uma declaração feita ontem por Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), de que "não há pressa" em baixar o juro por lá pesou no dólar. Há poucos meses, teria provocado estragos no real. _

Refresco de Itaipu na inflação não é sustentável

A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou em janeiro a ponto de ser a mais baixa para o mês desde o Plano Real. Foi de 0,16%, três vezes menor do que a de dezembro. Mas isso ainda não é considerado um sinal de que o juro alto comece a fazer algum efeito, com a esperada desaceleração também da atividade econômica.

No entanto, a alta de preços no grupo alimentos e bebidas no mês passado foi de 0,96%, seis vezes acima da média. Culpa do café, o amigo-vilão nosso de cada dia? Nada disso: os que mais subiram foram os custos da cenoura (36,14%) e do tomate (20,27%), ambos muito acima do café moído (8,56%).

Um dos problemas do resultado é que o principal refresco na inflação foi pontual, ou seja, não se repete nos próximos meses: o chamado "bônus de Itaipu" que fez a energia elétrica residencial despencar 14,21% no mês. Essa, portanto, ainda não é uma redução sustentável da inflação.

É bom lembrar que o choque de juro que o Banco Central (BC) está aplicando não faz efeito nem sobre a cenoura, nem sobre o café. O custo desses produtos depende mais de clima e safra do que da taxa Selic.

A ambição do BC é reduzir os preços dos serviços. E aí também não há boa notícia: o núcleo de serviços subjacentes - que são os mais sensíveis ao juro - acelerou de 0,67% em dezembro para 0,86% em janeiro.

O "bônus de Itaipu" representa um saldo positivo na Conta de Comercialização de Energia Elétrica da hidrelétrica cuja administração o Brasil compartilha com o Paraguai. São recursos arrecadados pela Itaipu Binacional que o governo usa para abater aumentos da conta de luz dos brasileiros. Em janeiro, esse "excedente" chegou a R$ 1,3 bilhão. _

GPS DA ECONOMIA

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