quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025


12 de Fevereiro de 2025
MÁRIO CORSO

O dragão chinês

"Deixem a China dormir, porque ao acordar, o mundo estremecerá". A frase é atribuída a Napoleão Bonaparte, embora sem registro. De todo modo, o dragão adormecido despertou faz tempo e desafinou o coro dos contentes.

Nos anos 1970, meu tio-avô Argemiro Flores alertava contra os chineses. Contracorrente, dizia que o problema não eram os russos, pois eram brancos e cristãos. O perigo seriam os orientais.

Semanas atrás, quando uma empresa chinesa apresentou o DeepSeek, ferramenta de inteligência artificial, o sucesso dela lembrou o efeito Sputnik. A alusão refere-se à corrida espacial durante a Guerra Fria. Sputnik foi o primeiro satélite posto em órbita, colocando a Rússia simbolicamente à frente dos EUA. Temos a impressão de que a China ligou o pisca-pisca, sinalizando que na tecnologia vai ultrapassar.

Recentemente a China mostrou que está na dianteira da tecnologia de fusão nuclear. Os produtos futuristas, a la Jetsons, como carros voadores, estão prestes a ser comercializados. Eles lideram no campo de trens de alta velocidade e metrôs suspensos. Temos notícias de obras de engenharia titânicas. Existem razões para crer que seu armamento acompanha o ritmo das outras áreas. Um pouco é propaganda, mas isso vale para os dois lados.

Não se trata apenas da briga comercial com os EUA, o poder do Atlântico Norte, Europa e América do Norte corre o risco de ser menor do que o do Oceano Índico. Seria uma mudança no eixo comercial, político e cultural do planeta.

Por propaganda política ideológica, recheada de racismo, temos na cabeça que a China não inventa, só copia os produtos ocidentais. Como se a imaginação criadora tecnológica fosse um monopólio ocidental. Porém, os fatos apontam outra realidade.

Não tenho entusiasmo pelo modelo político despótico da China. Mas como fica o mantra sobre a ineficiência da economia planejada?

A verdadeira questão é o medo, como o do meu tio Argemiro, de um mundo onde os homens brancos cristãos podem ser secundários. Onde o eurocentrismo cultural será questionado. Onde o cristianismo pode deixar de balizar a moral.

Enquanto isso, a China está quieta. Quem tem poder joga xadrez, quem vê o seu desfazendo-se joga truco. _

O conteúdo desta coluna reflete a opinião do autor

MÁRIO CORSO

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