sábado, 8 de fevereiro de 2025


08 de Fevereiro de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Quando a inflação foi maior no Brasil?

Na quinta-feira, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma declaração inapropriada - afirmou que "o povo" pode ajudar a baixar preços se recusando a comprar produtos que sobem mais -, a oposição surfou no deslize. A base aliada do atual governo reagiu afirmando que a inflação foi mais alta no mandato anterior, que os críticos apoiavam.

A inflação acumulada (não é mera soma) nos quatro anos do governo Bolsonaro foi de 26,9%, o que daria média aritmética de 6,74% ao ano. Em 2021, a inflação anual chegou a dois dígitos, o que não ocorria desde 2015. Nos dois anos do governo Lula, o acumulado é de 9,7%, com média aritmética de 4,84% ao ano.

Saliva presidencial abastece o câmbio

Tanto no governo anterior quanto no atual, a alta de preços teve e tem componentes externos - fora do controle da gestão - e internos, que poderiam ser administrados. E nos dois casos contou com abastecimento de saliva presidencial pela via do câmbio.

No governo Bolsonaro, a pandemia desorganizou as cadeias globais de suprimento e elevou preços no mundo todo.

No Brasil, a alta começou antes, estimulada pelo juro nominal mais baixo da história do real, de 2% ao ano. Na época, o então presidente não responsabilizou os consumidores, mas os donos de mercadinhos. Qual foi a contribuição do então presidente para a alta de preços? Declarações que inflaram o dólar.

No governo Lula, parte da alta da inflação ainda é herança da desarrumação da pandemia, parte decorre da aceleração das consequências da mudança do clima - ondas de calor e enxurradas prejudicam a produção de alimentos. Atribuir responsabilidade aos consumidores faz tão pouco sentido quanto culpar os mercadinhos. Qual é a contribuição do atual presidente para a alta de preços? Declarações que inflaram o dólar.

Então, se existem medidas capazes de amenizar a inflação, devem ser consideradas, em primeiro lugar, moderação nos discursos, em segundo, respeito ao tripé que evitou a volta da híper ao Brasil: responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e regime de meta de inflação. Nem intervenções abruptas nem artificialismos temporários - muito menos terceirizar responsabilidades - darão resultados estáveis e duradouros. _

Governo bolsonaro %

2019 4,31

2020 4,52

2021 10,06

2022 5,79

Média anual 6,74

governo Lula %

2023 4,62

2024 4,83

Média anual 4,84

Fonte: IBGE

Um resort para morar

Como será morar em um resort? Uma empresa gaúcha vai responder à pergunta. A Park Incorporadora está construindo um prédio em Canela no modelo home resort, jargão do mercado imobiliário para definir um empreendimento que pretende se parecer com um hotel cinco estrelas com prestação de serviços aos hóspedes - no caso, aos moradores.

O projeto do Green Park é avaliado em R$ 25 milhões e tem área social, incluindo piscina e academia, no terraço. Ao todo, são 32 unidades, de studios de 36 metros quadrados a apartamentos com duas suítes.

Em fase avançada da construção, já com metade das unidades vendidas, o Green Park tem entrega prevista para abril de 2026. O prédio ficará na região central de Canela. _

Mercado "pune" grandes lucros

Itaú Unibanco e Bradesco anunciaram grandes lucros na semana, mas as ações na bolsa caíram, ou escaparam por pouco. O Itaú lucrou R$ 40,2 bilhões em 2024, o maior valor já alcançado por uma instituição financeira na bolsa de valores, a B3, segundo a consultoria Elos Ayta. As ações oscilaram 0,18% para cima. O Bradesco ganhou R$ 19,6 bilhões - 20% acima de 2023, e as ações caíram 3,12%. A reação se deveu parte a detalhes dos resultados e parte à maior cautela sinalizada para este ano, à luz do juro em órbita. _

Nova ameaça de Trump faz dólar subir

O dólar fechou a semana em R$ 5,793, resultado de alta de 0,51% na sexta-feira. Duas notícias agitaram o mercado: nova ameaça de tarifa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e um possível reajuste do Bolsa Família para aliviar a alta dos preços dos alimentos.

Trump disse que quer anunciar tarifas de reciprocidade a diversos países em coletiva de imprensa com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba. Os alvos prioritários seriam Reino Unido e União Europeia, mas o presidente dos EUA já reclamou do nível das tarifas que o Brasil aplica a produtos americanos, o que deixa o país em suspense.

No cenário interno, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, disse em entrevista à Deutsche Welle que "está na mesa" um aumento do valor do Bolsa Família.

A medida teria impacto fiscal e poderia causar aumento de inflação, o que gera desvalorização do real. Já no final do dia, integrantes da equipe econômica disseram que não há discussão sobre reajuste do Bolsa Família.

Caso Trump cumpra a nova ameaça, concretiza a temida guerra mundial comercial. O aumento de imposto de importação tem potencial de abalar o câmbio por provocar inflação nos EUA e manter o juro alto por lá. _

GPS DA ECONOMIA

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