quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025



19 de Fevereiro de 2025
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

O recado de Trump a Putin é de que o crime compensa

Não há surpresa. Desde o ano passado, a coluna vinha alertando que, se Donald Trump vencesse a eleição nos Estados Unidos, a guerra na Ucrânia terminaria, com a derrota, claro, para os ucranianos. Essa é a paz nos termos de Vladimir Putin: a Ucrânia entrega os territórios já ocupados pelo exército russo e abre mão de entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

O cenário foi desenhado na reunião de ontem para negociar a "paz". Basta olhar a foto de quem estava à mesa no Palácio Diriyah, em Riad: o chanceler saudita, Faisal bin Farhan al-Saud, e seu assessor de Segurança Mosaad bin Mohammad al-Aiban, a delegação americana, com o assessor de Segurança Nacional, Michael Waltz, o enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e o secretário de Estado, Marco Rubio; e a comitiva russa, encabeçada pelo chanceler Sergey Lavrov, e o experiente Yuri Ushakov, que assessora Putin desde 2012.

Se você está procurando algum representante dos ucranianos, do povo que foi invadido, não canse os olhos. Simplesmente, não há. Também não há comitiva de qualquer outro país europeu.

Existem dois recados a partir do jeito trumpiano de negociar. O primeiro é que o crime compensa. Em 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia, uma nação soberana, rasgando o Direito Internacional. Três anos depois, sai com territórios a mais. O segundo é: Trump implode o sistema de segurança europeu ao reduzir o apoio a aliados, abrindo a porteira para uma próxima investida de Putin - na Finlândia ou nos Bálticos. Está dizendo: "Europeus, virem-se". _

Agenda para a educação

São ousadas as metas do Piratini da Agenda da Educação (2025-2035): colocar o RS entre os três melhores do país em todos os segmentos avaliados pelo Ideb e alcançar mais de 90% dos jovens com oportunidades de educação e trabalho.

Cada objetivo conta com estratégias bem planejadas que indicam o essencial para seu alcance. O problema é que o robusto conjunto de iniciativas, algumas já em ação, foi empacotado a apenas um ano e 10 meses do fim do segundo mandato.

Uma pena, poderia ter sido feito antes. Além disso, seria desejável que houvesse perenidade. Mas, como políticas educacionais são vistas como de governo e não de Estado, há risco de o plano ser engavetado à frente, a depender de quem ganhar as eleições de 2026. _

O dia em que visitei o "hospital dos papas"

Uma escada íngreme conduz ao pavilhão D, no 10º andar do Hospital Policlínico Universitário Agostino Gemelli (foto), conhecido como o "hospital dos papas". Fica no bairro Triunfale, em Roma, a 45 minutos de carro do Vaticano. É lá que Francisco está internado desde sábado devido a uma infecção respiratória.

O apartamento privado dos chefes da Igreja Católica conta com 200 metros quadrados - com quartos para acompanhantes e assistentes, equipado com móveis e uma capela.

Essa é a quarta vez que Francisco fica internado na Gemelli - 2021, devido a uma diverticulite, 2023, para tratar uma bronquite infecciosa e, depois, devido a uma obstrução intestinal, e agora, por causa da infecção.

Conheci a Gemelli em 2005, enquanto cobria pelo Grupo RBS os funerais de João Paulo II. São dois pavilhões reservados aos papas - o D, onde João Paulo II ficou na última vez, e o E, no qual se recuperou de um tiro no abdômen no atentado de 13 de maio de 1981. As alas são separadas por duas portas de vidro.

A quatro passos dos aposentos que João Paulo II frequentou em seus últimos anos de vida, uma sala ampla costumava amenizar o sofrimento do Pontífice: o setor de oncologia pediátrica. Era ali que o Papa polonês partilhava a sua dor com os pequenos pacientes.

A clínica oficial do Vaticano é referência em neurocirurgia, endoscopia cirúrgica e cardiologia. Mesmo quando recebe um Papa, opera como hospital comum.

No complexo da Università Cattolica del Sacro Cuore, 2 mil médicos trabalham para atender 700 leitos. Na entrada, um teto de vidro ilumina o saguão.

A convite dos médicos Giosue de Lorenzi e Vicenzo Giovinazzo, italianos apaixonados pelo Brasil, almocei no refeitório da Gemelli, alguns andares abaixo de onde os papas ficavam.

Criado em 1964, o nome do hospital é homenagem a Agostino Gemelli, teólogo franciscano que fundou a Universidade Católica na década de 1920. O terreno para o hospital foi doado pelo papa Pio XI no início do século 20 para a Faculdade de Medicina da Universitá Cattolica del Sacro Cuore. _

Pouco compromisso

Apenas 10 países entregaram no prazo à ONU suas novas metas de redução de gases de efeito estufa - as NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas, na sigla em inglês). Esse será o grande desafio da COP30 de Belém, em novembro. _

Países que entregaram suas NDCs

Emirados Árabes

Brasil

Estados Unidos (sob o governo Joe Biden)

Uruguai

Suíça

Reino Unido

Nova Zelândia

Andorra

Equador

Santa Lúcia

Para onde foi o dinheiro da Usaid

A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), encerrada pelo governo Trump, destinou US$ 22,5 milhões em ajuda ao Brasil em 2024. Veja alguns dos programas beneficiados.

Grupo Consultivo para Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR) US$ 6,4 milhões

Centro de Pesquisa Florestal Internacional (CIFOR-ICRAF) US$ 2,7 milhões

Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra) U$ 1,9 milhão

Departamento de Agricultura dos EUA (com relação de colaboração no setor agrícola brasileiro) US$ 1,6 milhão

Cáritas Brasileira (divisão Nordeste) US$ 1,5 milhão

World Wildlife Fund (WWF) US$ 1,3 milhão

Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) US$ 977 mil

Fonte: Foreign Assistance (site do governo americano)

INFORME ESPECIAL

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