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GPS da Economia - Por que o Itaú vê baixo risco de recessão
Na primeira projeção pública sobre a economia do ano, o economista-chefe do Itaú, Mário Mesquita, disse não descartar o risco de recessão técnica - dois trimestres seguidos de queda no PIB -, mas considera "difícil" que ocorra. A estimativa de Julia Gottlieb, integrante da equipe focada em Brasil, é de que a boa safra agrícola tende a levar a uma alta do PIB de 1% no primeiro trimestre. Isso significaria um "carrego" (espécie de impulso para os trimestres seguintes) no ano de 1,5%, mesmo sem avanço nos demais períodos de três meses. A coluna perguntou se isso significa que uma recessão estaria descartada, Mesquita respondeu assim:
- Projetamos para o segundo semestre um crescimento médio de 0,2% por trimestre. Como é suficientemente próximo do zero, não descarto recessão técnica, mas acho difícil ver neste ano que deve começar com carrego de 1,5%. Deve ser um ano de crescimento positivo mais uma vez, mas um ou outro trimestre de PIB um pouco abaixo de zero não dá para descartar.
Dólar em R$ 5,78 na média do ano
Na visão de Mesquita, o Banco Central (BC) terá de continuar a elevar o juro para domar a inflação: depois da próxima alta de 1 ponto percentual em 19 de março, para 14,25%, prevê novos aumentos de 0,75 ponto, ainda fortes até para padrões brasileiros.
Para voltar a ter juro de um dígito, afirmou o economista, só há um caminho: retomar a política de teto de gastos, que vigorou de 2016 a 2022 - ainda que cheia de furos no último ano.
- Achar que vai ter juro civilizado com a política fiscal que o Brasil tem tido é meio autoengano. Seria importante, se o governo quiser de fato que o BC persiga a meta de inflação, voltar ao regime de teto de gasto. Se não quiser o teto, vai ter de se resignar a juro mais alto.
Sobre o dólar, a projeção do Itaú é até benigna: deve ficar em torno de R$ 5,78 neste ano - em média, não cotação no final do ano -, mesmo que Mesquita tenha leitura negativa sobre o efeito das tarifas americanas:
- Devem provocar inflação e menos crescimento global. Não vai beneficiar o Brasil, que já tem fatia de mercado na China muito elevada. E pode ser alvo. _
Depois de virar o ano orbitando em torno de R$ 6, o dólar parece ter encontrado outra posição para oscilar na estratosfera: ontem, voltou a ficar abaixo de R$ 5,70. Fechou com baixa de 0,41%, para R$ 5,689.
Tenho notado maior interesse no Brasil até porque os preços estão tão baixos que passaram a ser pechinchas.
Mário Mesquita - Economista-chefe do Itaú
Onde são as novas áreas de prospecção
Todas as 34 áreas da Bacia de Pelotas que podem ir a leilão em junho ficam no litoral gaúcho. O 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão não inclui blocos do litoral catarinense, que também faz parte da Bacia de Pelotas.
Ao todo, são cerca de 22 mil metros quadrados com possibilidade de exploração. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no entanto, afirma que nem todos os blocos disponíveis serão ofertados. O leilão previsto para 17 de junho só deve incluir áreas nas quais houver interesse.
As candidatas têm até 31 de março para apresentar declarações nesse sentido. A confirmação dos blocos que irão a leilão está prevista para 14 de abril. Os vencedores do de dezembro de 2023, que arremataram 44 blocos na Bacia de Pelotas, foram obrigados a aportar ao menos R$ 1,56 bilhão.
Mas diferentemente da época, quando blocos do Litoral Sul foram "estrelas", no leilão de 17 de junho a área de maior interesse deve ser a da Margem Equatorial, que envolve quatro bacias: Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas e Ceará. _
Data do contrato de Rio Grande
Em Rio Grande, a expectativa é de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteja na cidade, na próxima segunda-feira, para assinar o contrato para construção de quatro navios de 15 mil a 18 mil toneladas, chamados "handy". No entanto, a Transpetro, que é a contratante - é a estatal responsável pela logística da Petrobras -, não confirma. Na segunda, afirmou que a "data ainda não está definida", ontem reiterou que não há novidades. _
Em fase fossilizante, Brasil adere à Opep
Adiada desde as vésperas da COP28, a adesão do Brasil à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) foi formalizada ontem pelo Conselho Nacional de Política Energética.
Para tentar compensar a associação ao cartel da matéria- prima fóssil - enfim, é essa a natureza da Opep -, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que também foram aprovadas as entradas do Brasil na Agência Internacional de Energia (AIE) e na Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena).
Além da tentativa de compensar o impacto, Silveira forneceu duas desculpas. Uma é de que, uma vez dentro da Opep, o Brasil vai defender a transição energética justa. Outra é de que o país é mero observador - como já se dizia em dezembro de 2023 -, portanto não será obrigado a seguir as ordens do cartel.
A principal atividade da organização é controlar os preços do petróleo, como fazem os cartéis. Quando estão muito baixos, prejudicando a receita dos integrantes, cortam a produção para que a escassez dê conta de elevar a cotação. Quando estão muito altos, embutindo o risco de que opções mais ecológicas se viabilizem, elevam a produção para baixar o custo e barrar a concorrência. _
Milei diz que "levou bofetada" com cripto
Javier Milei, presidente da Argentina, adotou a tese de que caiu em golpe ao "difundir, não promover" - versão dele -, a criptomoeda $Libra. Na noite de segunda-feira, mais de 48 horas depois do escândalo, Milei disse que "levou uma bofetada" (me comí un cachetazo) por ser "tecnotimista". Ainda afirmou que pouquíssimos argentinos perderam dinheiro - a maioria, segundo ele, teria sido de americanos e chineses.
Para além da exploração da oposição, no primeiro dia útil depois do escândalo, que ocorreu no final da tarde de sexta passada, a bolsa de valores de Buenos Aires despencou 6%.
Na terça, os efeitos continuaram com a queda de até 6% de ADRs, papéis negociados nos Estados Unidos que representam ações emitidas na Argentina. Pode ser um ajuste em relação ao dia anterior, quando a bolsa de Nova York não operou pelo feriado do Dia do Presidente. Mas também pode indicar aumento da incerteza entre investidores, que agora olham com receio a figura de Milei. _
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