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EM FOCO
Avanços como ampliação da frota e disponibilidade de ar-condicionado marcaram o primeiro ano de desestatização da empresa. Nova gestão diz ter investido R$ 90 milhões. Ainda estão previstos R$ 15 milhões em melhorias neste ano
Queixas após privatização da Carris caem 53%, diz EPTC
O primeiro ano de privatização da Carris, completado em janeiro de 2025, foi marcado por avanços em indicadores como tamanho da frota operacional, viagens realizadas e disponibilidade de ar-condicionado nos veículos de uma das principais empresas de transporte público criadas no RS e uma das mais antigas do país.
A idade média dos veículos em circulação caiu de 9,8 anos para 5,2 anos, ficando abaixo da média nacional, que é de 6,45 anos, segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). A nova Carris diz que o fato se deve a investimentos realizados para ampliar a frota com ônibus novos e também ao descarte de 61 veículos que não tinham mais condições de uso. Os demais passaram por reparos com investimento de R$ 3,85 milhões.
O processo de desestatização envolveu uma companhia que já havia acumulado prêmios nacionais de qualidade, na virada para os anos 2000, mas vinha sofrendo com a falta de recursos e de manutenção adequada. Reportagem publicada pelo Grupo de Investigação da RBS (GDI) em dezembro do ano passado revelou, com base em relatórios internos, que em média oito veículos precisavam de consertos diários.
Como resultado, faltavam condições até para cumprir todas as viagens programadas.
Desde então, a nova gestão informa ter investido R$ 90 milhões na compra de 85 ônibus, reformas de parte da frota antiga e em treinamentos das equipes.
No começo de 2024, a prefeitura de Porto Alegre estendeu a vida útil dos ônibus de transporte urbano para até 15 anos, no caso de veículos comuns, e 16 anos para os articulados. A legislação anterior limitava a 12 e 13 anos, respectivamente.
Hoje, a Carris possui 262 veículos, sendo 40 articulados, incluindo a frota de reserva. Desde que foi privatizada, todas as linhas foram mantidas e uma nova foi criada. São elas: 343, 353, C1, C2, C3, C5, T1, T2, T2A, T2A1, T3, T4, T5, T6, T7, T8, T9, T10, T11, T11.1, T11.2, T12, T12A e T13.
Investimentos
A Carris diz ter comprado 23 veículos a mais do que o anunciado na concessão do serviço. São seis veículos articulados de 23 metros, com capacidade para 150 pessoas (77 sentados e 73 em pé), entregues em dezembro. Em 2024, também passaram a circular outros dois articulados de 18 metros e mais 77 veículos de modelo-padrão (não articulados e com capacidade para até 80 pessoas).
Mais R$ 1,57 milhão foi investido em uma câmara de pintura, e em reformas da oficina, de áreas administrativas, de refeitórios, de banheiros e da estrutura de TI.
Em 2025, diz Octávio Bortoncello, diretor administrativo- financeiro da Carris, a empresa comprará 15 ônibus para substituir os mais antigos. _
Falta de ar e lotação lideram reclamações
De acordo com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), o número de reclamações de usuários das linhas da Carris caiu 53% desde que a empresa foi privatizada. Foram 354 queixas em janeiro de 2024, contra 166 no mês passado. Uma das principais reclamações era em relação à falta de ar-condicionado, problema que está resolvido, garante a empresa.
- Quando assumimos, a empresa transportava 120 mil passageiros por dia. Hoje, são 150 mil. Aumentou a demanda, mas diminuíram as reclamações de falta de ar-condicionado e de ônibus lotados. Ainda há muito para ser feito. Queremos que chegue o dia em que não teremos mais reclamações - afirma o diretor.
A reportagem de Zero Hora conversou com usuários das linhas da Carris e também embarcou em algumas delas. Todas estavam com ar-condicionado ligado. A estudante Lauren Boff, 19 anos, usa a linha T1 diariamente para ir e voltar da faculdade de Educação Física da UFRGS.
- Já usei quase todos os transversais. É bem de boa. Estão bem menos cheios do que costumava ser antes - diz a estudante.
Apesar dos 183 novos horários distribuídos entre as linhas da Carris, a funcionária de uma loja da Avenida Azenha, Carmen Silvia Moraes, 54 anos, sugere que sejam ampliadas as opções para a linha T6, que ela pega todos os dias na Avenida João Pessoa para voltar para casa.
Já o vigilante Sandro Pereira, 33 anos, trabalha na zona norte da cidade. Ele acabou de voltar a Porto Alegre após um período morando no interior gaúcho. Agora, pelo menos cinco vezes por semana pega o T9 para se deslocar ao trabalho.
- Lembro que antes era superlotado e sujo. O preço da passagem poderia estar mais baixo, é um outro problema, mas pelo menos agora a qualidade está melhor - diz.
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