
Líderes europeus defendem elevação de gastos com defesa
Aproximação entre EUA e Rússia chamou atenção dos líderes. UE quer participar das negociações sobre a Ucrânia e teme pela própria segurança
Após encontro ontem, em Paris, líderes da União Europeia (UE) afirmaram que o continente terá de elevar o gasto militar em razão de ameaça expansionista da Rússia. A reunião de emergência foi convocada pelo presidente da França, Emmanuel Macron, na qual avaliaram a política dos EUA sobre a guerra na Ucrânia e a busca por resposta comum para a segurança da região. Há preocupação com possível acordo entre Washington e Moscou sem a participação da Ucrânia e dos países europeus.
- A Rússia representa um perigo para toda a Europa neste momento - disse a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, segundo o g1.
Donald Tusk, premier da Polônia, defendeu aumento de gastos em defesa e ação de garantia de paz na Ucrânia com a chancela da Otan, principal aliança militar ocidental. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, defendeu um compromisso de segurança dos Estados Unidos para viabilizar o envio de forças de paz à Ucrânia após um eventual fim da guerra. No entanto, ele destacou que ainda é cedo para determinar quantos soldados britânicos poderiam ser mobilizados.
Tanto a Ucrânia quanto os países europeus temem ser excluídos das negociações para encerrar o conflito. A Rússia invadiu o país no Leste Europeu em fevereiro de 2022.
Sinais
A desconfiança começou após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter revelado que conversou por uma hora e meia com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre a guerra da Ucrânia.
No mesmo dia, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, declarou ser improvável que Kiev consiga recuperar todos os territórios que controlava antes da anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014. No domingo, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, disse em conferência sobre segurança em Munique, na Alemanha, que a maior ameaça à Europa não é Moscou, mas o "afastamento dos valores democráticos", deixando boa parte da plateia incrédula.
Na quinta-feira, Trump assegurou que o governo ucraniano teria "um lugar à mesa" nas negociações para o fim do conflito. Na sexta-feira, estava prevista uma reunião entre autoridades dos Estados Unidos, da Ucrânia e da Rússia na Alemanha, mas Kiev se recusou a dialogar diretamente com os russos antes de estabelecer um plano conjunto com seus aliados europeus.
Ontem, após a reunião de emergência, o chanceler alemão, Olaf Scholz, destacou que não há possibilidade de acordo de paz sem a participação de Kiev ou de a Ucrânia "aceitar tudo o que lhe fosse apresentado sob quaisquer condições", ou uma "paz ditada" por Washington e Moscou, segundo o jornal O Globo. Ele afirmou que a União Europeia continuará a apoiar a Ucrânia.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, advertiu que a Ucrânia "não reconhecerá" nenhum acordo sobre seu futuro que seja negociado sem a sua participação.
Relações
As principais autoridades diplomáticas da Rússia e dos Estados Unidos se reunirão hoje na Arábia Saudita. Washington enviou seu secretário de Estado, Marco Rubio, enquanto Moscou encaminhou dois negociadores experientes: o chanceler Serguei Lavrov e o conselheiro diplomático do Kremlin, Yuri Ushakov.
Os EUA veem a reunião como continuação da conversa telefônica entre Putin e Trump, informou o Departamento de Estado dos EUA. Segundo o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, o encontro "será dedicado principalmente a restabelecer o conjunto das relações russo-americanas".
Nenhum comentário:
Postar um comentário