quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025


 06 de Fevereiro de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Dívida acelera a trajetória de alta

O Brasil cumpriu a meta de déficit primário prevista no arcabouço fiscal, mas, como a coluna observou, o resultado ainda não dá conforto. Na terça-feira, a Secretaria do Tesouro Nacional informou o dado que quantifica o motivo: a dívida pública federal (DPF) terminou o ano passado em R$ 7,3 trilhões, com aumento de 12,2% em relação ao ano anterior.

E sim, são trilhões, nem bi nem mi. É um valor tão grande que só é comparável ao PIB de países. Por isso, e por depender da estabilidade econômica para ser honrada, a dívida costuma ser medida em relação ao PIB. Embora existam vários critérios para fazer essa relação, todos embutem um resultado: o que a proporção no Brasil está bem acima da média dos países emergentes.

A dívida é formada pelo acúmulo de déficits, porque o valor gasto e não coberto por receita tem de ser buscado no mercado financeiro sob a forma de emissão de títulos públicos ou contratos. É isso que dá poder à reação de mercado quando o governo dá sinais de falta de responsabilidade fiscal.

O motivo é óbvio: se o mercado é comprador ou, ao menos, repassador da dívida, quer ter certeza da capacidade de pagamento do credor. E, quanto mais as pendências se acumulam, mais difícil é pagá-las. Não que exista expectativa de quitação total em algum dia no futuro. Manter certo nível de endividamento está dentro das expectativas de todos os países. A questão está no "certo nível": é preciso que seja manejável e financiável.

Se não for, os credores passam a exigir maior remuneração para comprar esses títulos e fazer os contratos. O resultado é o aumento no juro básico, que eleva os custos e reduz o nível de atividade econômica. Por sua vez, isso eleva a dívida tanto em termos absolutos - boa parte é atrelada à Selic - e em proporção do PIB - porque o divisor fica menor. _

Outras formas de medir as pendências

1. Dívida bruta do governo geral (DBGG) inclui, além dos passivos da União, os de Estados e municípios.

2. DBGG do FMI considera títulos do Tesouro emitidos mas fora do mercado, por isso costuma ser maior.

3. Dívida líquida do governo geral (DLGG), que diminui valores que União, Estados e municípios têm a receber.

4. Dívida líquida do setor público (DLSP) inclui, além dos núcleos das três esferas de poder, Banco Central e estatais não financeiras, menos Petrobras.

Dólar interrompe 12 quedas seguidas

Depois de fechar em R$ 5,771 na terça-feira, com a menor cotação desde 19 de novembro e a maior sequência de quedas (12) da história do real, a cotação da moeda americana subiu ontem 0,4%, para R$ 5,794, ainda baixo de R$ 5,80.

Analistas não apontam motivo óbvio para o comportamento volátil do dólar ao longo do dia - chegou a subir cerca de 0,8% e teve até variação para baixo. Pode indicar nova acomodação, agora para moderar o ajuste do exagero do ano passado. Gestores estão reduzindo o prêmio de risco sobre o real, mas é bom lembrar o que a coluna havia observado: a maioria dos economistas vê espaço para redução, mas não muito.

Em entrevista concedida ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ter compromisso com a redução da inflação, mas deu uma escorregada ao dizer que "está razoavelmente controlada". Na véspera, o Banco Central (BC) havia admitido que a meta pode estourar em junho - o que não é "controle".

A não aplicação drástica de tarifas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ajudou no alívio. O que ocorreu de fato foi a imposição de imposto de importação de 10% para produtos chineses, com represálias moderadas da China. É muito, mas nada perto do que o discurso.

É preciso observar, ainda, um novo sintoma da desaceleração prevista - e desejada pelo BC, que sobe o juro com essa intenção - da economia. A produção industrial teve novo recuo de 0,3% em dezembro, depois de uma queda de 0,7% em novembro. Esse dado foi citado no comunicado que acompanhou o anúncio da alta do juro, mas não teve boa leitura do mercado.

- É efeito da elevação da Selic, desejado na medida em que se consolidou a perspectiva que o Brasil está acima do PIB potencial, logo apenas uma desaceleração econômica poderia atenuar a inflação - observa o economista André Perfeito. _

Condomínio de praia de R$ 200 milhões

Quase 10 anos depois de ter implementado dois condomínios no Litoral Norte, o Playa Vista e o Celebration, a incorporadora gaúcha Durafa prepara seu terceiro empreendimento na região, com valor geral de vendas (VGV) de R$ 200 milhões.

O Oxy ficará em Xangri-lá, entre a Estrada do Mar e a beira-mar, e prevê 182 terrenos, de 400 a 458 metros quadrados, todos à beira de um lago. O condomínio também tem participação da Metagon Incorporadora, que fez o convite para a Durafa para idealização do empreendimento.

O projeto tem praia artificial, piscinas interna e externa, academia, salões de festas, brinquedoteca e área esportiva com sete quadras de beach tennis. _

Agência na mira de Trump ajudou RS

Decisões abruptas do presidente dos EUA, Donald Trump, podem chegar muito perto. A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), alvo nas primeiras semanas de mandato, teve atuação em 2023 e 2024 no Vale do Taquari.

Esteve em Lajeado para treinar equipes e contribuir com o planejamento de resposta a desastres naturais depois da enxurrada de setembro de 2023. Em maio de 2024, fez doações de itens básicos e geradores de energia elétrica.

A Usaid teve dotação de US$ 44 bilhões em 2023, em torno de 1% do orçamento federal americano, e responde por cerca de 40% da ajuda humanitária no mundo. A maioria dos 10 mil funcionários será obrigada a tirar licença remunerada a partir de sexta-feira. Se precisarmos de novo... _

Nós levamos a inflação muito a sério, e eu acho que ela está razoavelmente controlada. A nossa preocupação é apenas evitar que os preços dos alimentos continuem prejudicando o povo brasileiro.

Lula - Presidente da República

GPS DA ECONOMIA

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