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Uma perspectiva para o juro subir menos
Está contratada mais uma alta de juro de 1 ponto percentual para 19 de março, de 13,75% para 14,75%. Isso significa que, dentro de pouco mais de um mês, o Brasil terá a taxa mais alta desde 19 de outubro de 2016 (no dia seguinte, caiu a 14%). A elevação da Selic, na época, provocou a maior recessão da história do país: subiu de 9,5% em outubro de 2013 para 14,25% em julho de 2015 e ficou lá 15 meses.
Existem projeções de uma recessão para este ano, que vão da Fecomércio-RS ao Bradesco. Mas é uma recessão técnica, ou seja, dois trimestres seguidos de queda, até agora leve - no caso do Bradesco, seriam dois recuos de 0,3%, quase na margem de erro.
- Não precisamos de um choque que vai levar a economia para uma recessão, para contingentes da população, para pobreza. Vamos corrigir as distorções, que são grandes mas estão sendo corrigidas, inclusive com o apoio da oposição - disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à GloboNews.
Política fiscal contracionista?
No final do ano passado, o governo foi errático nos sinais ao mercado e "conquistou" dólar em R$ 6,267. Neste início de ano, tenta recuperar a capacidade de coordenar expectativas. Na quarta-feira, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que a política fiscal será "contracionista" para ajudar a controlar a inflação. Até agora, os gastos crescentes contrastavam com o desejo "contracionista" do BC.
Haddad criou a expectativa de que haverá fortes contingenciamentos e bloqueios no orçamento já no início do ano. E tentou soar realista:
- Se tudo der certo neste ano, penso que vamos ter entregue um conjunto de 30, 40 medidas que considero que vai me honrar. Mas, apesar disso, penso que a gestão orçamentária vai ser desafiadora até o final, não vai dar trégua, não vamos ter um momento de respiro, porque temos trabalho a fazer.
Falta saber qual sua força efetiva neste início de ano. Lula já desafinou da equipe econômica ao dizer ontem que a alta do juro foi "arapuca que não podemos mudar de uma hora para outra". _
A mudança no comando da comunicação do Palácio do Planalto parece ter feito pouca diferença, ao menos até agora. Lula continua comprometendo, com improvisos, os esforços da equipe econômica para recuperar confiança.
Estou há 30 anos com o presidente da República e já passei dias mais difíceis do que passo aqui.
Fernando Haddad
Ministro da Fazenda
Busca por aluguel sobe mais do que compra
A segunda edição do Índice de Confiança no Setor Imobiliário - Loft, que mede a percepção dos consumidores sobre o mercado imobiliário, apontou crescimento no número de moradores de Porto Alegre que planejam alugar um imóvel nos próximos seis meses. Mas a proporção dos interessados em comprar um imóvel no mesmo período diminuiu.
A pesquisa feita em parceria com a Offerwise, focada em levantamentos com consumidores, mostrou que 5,7% dos porto-alegrenses pretendem alugar casa ou apartamento nos próximos seis meses, ante 4% em novembro de 2024. Outros 12,3% pretendem comprar um imóvel ainda no primeiro semestre, enquanto em novembro de 2024, o percentual era de 13,3%. Ou seja, apesar da redução, a intenção de compra ainda é mais do que o dobro da procura por locação.
Entre os que planejam alugar, os principais motivos para a mudança são mais espaço e melhor localização: 35,3% querem um imóvel com mais espaço e 23,5% desejam morar em local mais tranquilo. E 70,6% buscam opções com custo de locação de até R$ 2 mil. Caiu o número de pessoas que planejam comprar imóvel depois de melhora na situação financeira da família, de 17,5% para 5,4%. _
Ano bom
A Plaenge, que se apresenta como maior construtora de capital fechado do Brasil, encerrou 2024 com crescimento de 52% no valor geral de vendas (VGV) de lançamentos em relação a 2023, alcançando a marca de R$ 4,48 bilhões. A construtora que desembarcou no Rio Grande do Sul há poucos anos atua no Paraná, em São Paulo e no Chile. O número de lançamentos aumentou 70%, de 20 em 2023 para 34 em 2024. Um desses projetos é o Edition Moinhos, terceiro empreendimento da empresa em Porto Alegre, na Rua Jardim Cristofel.
Dólar volta a cair depois de pausa
O dólar caiu 0,52% ontem, para R$ 5,764, ignorando falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que poderiam ter estressado o câmbio. É a menor cotação desde 18 de novembro e anulou a alta da véspera que interrompeu uma sequência de 12 baixas.
Do ponto de vista político, a declaração inapropriada sobre a responsabilidade popular sobre a inflação foi a mais explorada, mas para o mercado poderia ter pesado Lula ter considerado a alta de juro uma "arapuca que não podemos mudar".
Como financiar isenção de IR até R$ 5 mil
Depois do desgaste do governo no ano passado, a proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil será encaminhada ao Congresso, até agora sem forte reação no mercado. Um dos motivos é que só será aplicada se houver receita que compense a renúncia fiscal que representa. Outro é o detalhamento da alternativa desejada, a taxação para quem tem renda mensal superior a R$ 50 mil.
- A ideia é que, a partir de 1º de janeiro do ano que vem, quem ganha até R$ 5 mil não paga mais o Imposto de Renda. E que as pessoas que ganham mais de R$ 50 mil tenham um IR mínimo - afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Esse "IR mínimo", segundo Haddad, não afeta quem é servidor público ou trabalhador celetista, que já tem retenção de IR na fonte. Só quem tem R$ 50 mil de renda mensal e não paga o mínimo a ser definido.
Convenhamos, seria justo. O Brasil é um dos países com maior regressividade na cobrança de tributos. Como assim? "Regressivo" é um sistema em que quem ganha menos paga mais, proporcionalmente, do que quem ganha mais.
Na prática, o ministro sugere uma tributação sobre dividendos que evita esse nome. Embora seja difícil rejeitar uma bondade para a classe média, porque pode custar votos, o que pode ocorrer é a transformação do imposto mínimo em remanejamento das verbas já previstas no orçamento para sustentar a bondade. O que não pode passar, por ser inconstitucional e ilegal, é isenção sem compensação. _
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