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JANJA E MINISTRO
Viagem com gastos de ao menos R$ 140 mil
A comitiva que acompanha a primeira-dama Janja Lula da Silva e o ministro do Desenvolvimento Social (MDS), Wellington Dias, em Roma, é formada por pelo menos 12 pessoas, segundo informou o jornal O Estado de S. Paulo. A viagem do grupo já consumiu ao menos R$ 140 mil - o valor vai ser maior, pois ainda não estão disponíveis os valores de diárias pagas a Janja nem os gastos com passagens dos outros viajantes, à exceção das duas integrantes do Ministério da Fazenda.
Em nota, o Ministério da Fazenda informou que as duas servidoras da pasta que estão em Roma têm cargos na estrutura do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), entidade que promove o evento do qual Janja e Wellington Dias participam. "Assim, trata-se de viagem de rotina no âmbito das atividades da Secretaria de Assuntos Internacionais da Fazenda", disse a pasta. O Ministério do Desenvolvimento Social disse que prestaria informações posteriormente, e a Presidência da República não respondeu.
Em Roma, Janja e Wellington Dias participaram da reunião do Conselho Interino de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, entidade internacional lançada pelo Brasil durante a reunião do G20 no Rio de Janeiro, no fim do ano passado. Além disso, o grupo esteve na cerimônia de abertura da 48ª Sessão do Conselho de Governança do Fida e em reuniões bilaterais.
Na quarta-feira, Janja se encontrou ainda com o papa Francisco. " Estou muito emocionada, toda vez que encontro com ele é uma grande emoção ", disse.
OPERACAO EMENDAFEST
Operação EmendaFest
PF investiga desvios de emendas parlamentares no Estado
Verbas deveriam ser destinadas a uma instituição de saúde de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo. Parte da quantia seria entregue a funcionários de hospital, a lobistas e a assessor de deputado federal gaúcho. Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão no RS e no DF
A Polícia Federal (PF) realizou ontem operação contra suposto desvio de R$ 1 milhão de emendas parlamentares. Os valores deveriam ter sido destinados a um hospital de Santa Cruz do Sul.
A PF não divulgou os nomes, mas Zero Hora apurou que estão entre os alvos Lino Rogério da Silva Furtado e Cliver André Fiegenbaum. Os dois foram afastados das funções públicas ontem por ordem da Justiça Federal.
Furtado é chefe de gabinete do deputado federal gaúcho Afonso Motta (PDT), e seria responsável por organizar a distribuição das emendas. Fiegenbaum é diretor administrativo e financeiro da Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan). Ainda não estava claro qual seria a participação dele.
Foram alvo da operação mais cinco nomes: o superintendente do Hospital Ana Nery, Gilberto Gobbi, o diretor administrativo Celcio da Silveira Junior e o analista financeiro Leandro Diedrich, além de Agnaldo Machado Ferreira e Carlos Danilo Wagner. A reportagem não obteve contato com eles até o fechamento desta edição.
A hipótese apurada é de que parte dos valores era destinada a funcionários do hospital, a lobistas e ao assessor parlamentar. No total, foram apreendidos R$ 287 mil. Conforme a apuração, o grupo ficava com 6% dos valores das emendas destinadas ao hospital.
O deputado Afonso Motta se manifestou por meio de nota, em que sustenta que nem ele nem o gabinete foram alvos da operação da PF. Mais tarde, o parlamentar disse que Furtado foi desligado do gabinete por decisão judicial e que "provavelmente" será demitido.
Afastamento
A Metroplan disse que o diretor está afastado e será exonerado, "visando dar imparcialidade às investigações". A fundação frisa que a investigação não tem qualquer relação com a sua atuação no órgão - informação que foi confirmada pelo Palácio Piratini.
Em nota, o Hospital Ana Nery informou ter tomado conhecimento, "com surpresa", da operação e se colocou à disposição para contribuir na investigação.
Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em Brasília e no Rio Grande do Sul. Os crimes investigados são desvios de recursos públicos, corrupção ativa e passiva.
No RS, os mandados foram cumpridos em Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, Estrela e Lajeado, no Vale do Taquari, e Rosário do Sul, na Fronteira Oeste. Os mandados foram autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino.
Além do afastamento do cargo e das funções públicas de Fiegenbaum e Furtado, a Justiça determinou o bloqueio de valores de contas de pessoas físicas e jurídicas. _
Preocupação em esquentar o dinheiro
A Polícia Federal (PF) também localizou um contrato formal e notas fiscais que demonstram o pagamento pelo hospital de "comissões" à empresa "CAF representação e intermediação de negócios", de propriedade de Cliver André Fiegenbaum. Em conversas entre os investigados, uma das preocupações era sobre formas de esquentar o dinheiro recebido ilegalmente.
Com base no restante da conversa, segundo a investigação, sugere-se que uma das possibilidades para "lavagem" de valores seria por meio da emissão de "notas fiscais". Na análise do celular de Cliver, a PF identificou a emissão de três notas fiscais, no total de R$ 509,4 mil - bloqueado pelo STF. Do total, R$ 426 mil teriam sido pagos antes das tratativas com Lino Furtado.
O que são
As emendas parlamentares são reservas financeiras usadas para elaborar o orçamento anual a partir das indicações de deputados e senadores para as suas bases eleitorais. É por meio de emendas que o Congresso Nacional pode definir como o dinheiro público será aplicado, conforme a indicação de parlamentares. A aplicação destes recursos é responsabilidade do Poder Executivo.
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