terça-feira, 18 de fevereiro de 2025


18 de Fevereiro de 2025
OPINIÃO DA RBS

Os riscos da avaliação em queda

A brusca queda da popularidade do governo Luiz Inácio Lula da Silva, demonstrada pelo Instituto Datafolha, acende o alerta para o risco de o Planalto se tornar ainda mais disposto a medidas populistas que signifiquem elevação de gastos ou drible em limites fiscais. Conforme a pesquisa publicada na sexta-feira, a parcela dos que consideram a gestão boa ou ótima caiu de 35% em meados de dezembro para 24%. O percentual de ruim e péssimo pulou de 34% para 41%. Trata-se da pior avaliação de Lula ao longo de seus três mandatos.

O governo federal, após longa estabilidade nas avaliações, está nas cordas por fatores como a alta do dólar, a inflação dos alimentos e a inabilidade para reagir às ofensivas da oposição nas redes sociais, como a crise do Pix. A esta altura, ao menos o diagnóstico correto sobre as causas de cada um destes acontecimentos já deveria ter sido feito para adotar respostas cabíveis e descartar soluções mágicas. A moeda norte-americana chegou a R$ 6,30 em dezembro, mas ontem era negociada na casa dos R$ 5,70. As últimas semanas foram de alívio por não se confirmarem os piores temores sobre a guerra comercial do presidente dos EUA, Donald Trump.

O governo tem na manga iniciativas com potencial de amenizar o mal-estar da população com a carestia. A principal é o projeto de lei que amplia a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais. Mas deve ter a compensação bem assegurada e costurada politicamente para não gerar ainda mais solavancos que possam bater no câmbio e atrapalhar o Banco Central na tarefa de tentar trazer a inflação para dentro da meta. Outra ação que ainda gera desconfiança é a de beneficiar 22 milhões de famílias com a distribuição grátis de gás de cozinha. A dúvida é de onde tirar dinheiro no orçamento para a abrangência pretendida pelo Planalto, mais de quatro vezes maior do que a atual.

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