segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025



17 de Fevereiro de 2025
INFORME ESPECIAL - Vitor Netto

Fim de agências nos EUA afeta o Brasil

Elon Musk, um dos "meninos de ouro" da nova gestão do presidente Donald Trump, chefia o Departamento de Eficiência Governamental dos EUA (Doge) e sua função, em poucas palavras, é desburocratizar o governo e, principalmente, cortar gastos. Na mira estão as agências internas americanas. Na última semana, defendeu a eliminação delas, as quais comparou a "ervas daninhas".

E ele já vem buscando isso. Ainda no início do mês conseguiu convencer Trump de suspender as atividades da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, na sigla em inglês). Ocorre que a Usaid é o principal órgão de assistência humanitária dos EUA e responsável por 40% de toda a ajuda no mundo, inclusive para o Brasil.

Em 2024, por exemplo, o órgão repassou US$ 20,6 milhões para projetos brasileiros. Aproximadamente US$ 1 milhão foi destinado para atender vítimas das enchentes do RS.

O fechamento da Usaid também suspendeu o Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios no Brasil, que era executado desde 2021 pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos em parceria com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). A iniciativa formava brigadistas e oferecia capacitação técnica para profissionais que já atuam na linha de frente do combate aos incêndios florestais.

Há outras organizações já impactadas, como por exemplo o Grupo Consultivo para Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR), a Cáritas Brasileira Regional Nordeste, a World Wildlife Fund (WWF), o Instituto Centro de Vida; entre outras iniciativas.

Na mira

Outra já paralisada é a Agência de Proteção Financeira ao Consumidor (CFPB, na sigla em inglês), que, no entanto, não conta com relações com o Brasil. Porém, outras estão na mira de Musk, como a Administração Federal de Aviação (FAA), que tem uma relação indireta com o Brasil, principalmente na colaboração internacional de padrões de segurança na aviação. A mesma situação ocorre com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), que conta com parcerias com o Brasil por meio da cooperação internacional, acordos bilaterais e parcerias em questões globais de sustentabilidade e mudanças climáticas. Outras instituições estão no radar de Trump e Musk e podem ter o seu funcionamento comprometido no Brasil. _

Começa o ano letivo para mais de 67 mil alunos na Capital

Mais de 67 mil alunos dão início hoje ao ano letivo de 2025 na rede municipal de Ensino de Porto Alegre. São, ao todo, cem escolas próprias e 221 conveniadas retornando às atividades escolares.

Na última quinta-feira, a Secretaria Municipal de Educação (Smed) começou a entrega dos cartões de auxílio para a compra de material escolar. Os valores variam desde R$ 124,04 até R$ 156,64. _

Entrevista - Marcelo Vitorino - Especialista em marketing político e eleitoral

"A rede social tem de parar de ter papel informativo"

Cada vez mais políticos têm utilizado as redes sociais com vídeos engraçados, mostrando suas conquistas de maneira popular, seu dia a dia fora dos cargos oficiais e sua vida pessoal. A coluna conversou com o especialista em marketing político e eleitoral Marcelo Vitorino, sobre o tema.

É um novo meio de se comunicar?

Na verdade, acho que é um entendimento melhor sobre o que é uma rede social do ponto de vista político. Porque não tem nada de novo em relação nem à plataforma e nem ao que dá engajamento. O que tem de novo é que eles estão começando a perceber isso. É que o político costuma usar a rede social como se fosse um canal de comunicação tradicional. E ele tenta informar na rede social e não entreter. O problema é que uma rede social é baseada em entretenimento e relacionamento. Não é baseada em informação. Quando a pessoa quer se informar, ela procura a Zero Hora, por exemplo. Ela não vai procurar no Instagram a profundidade de uma informação.

É uma nova forma de aproximar o político da população?

O que acontece: você não consegue dar profundidade na rede social. Mas as publicações podem ajudar os eleitores a ter uma percepção do político. Então, não vai gravar uma coisa específica ou com muita profundidade, mas vai ajudar a fazer a reputação do político. Por exemplo, você tem vários com estilos diferentes: o Topázio (Neto, prefeito de Florianópolis) é mais conservador, apela menos ao entretenimento e mais à franqueza. 

Aí você vai pegar o Manga (Rodrigo, prefeito de Sorocaba), que é basicamente entretenimento. O (João) Campos lá de Recife, é entretenimento. O Eduardo Paes (prefeito do Rio de Janeiro) faz um misto, mas tem narrativa. O David Almeida, em Manaus, é mais informativo. Não vai dar tanto engajamento, mas fala com o público dele. Não adianta tentar fazer uma imagem descolada de quem você é.

Qualquer um pode fazer?

Acho que não usando só entretenimento e bom humor, mas acho que todo político, se conseguir entender o uso da rede social, vai conseguir se aproximar. Mas a rede social tem que parar de ter papel informativo. Por exemplo, o que ele publica? Aquela foto que não tem atração nenhuma, uma foto comum, que não diz nada. E aí na legenda ele bota: "Estive aqui reunido com Fulano para resolver os problemas da cidade". O problema está no entendimento do político sobre o uso da rede. Vamos supor que eu fosse inaugurar uma ponte. 

O que o político tradicional faz? Posta uma foto da inauguração e só fala de valor ou da emenda. Isso não vai dar engajamento. Ele está mais preocupado em vincular que foi ele que fez a ponte, do que o benefício. Agora, se em vez de aparecer lá com um monte de papagaio de pirata, aparecesse ele andando pela ponte com um morador, ia ser muito melhor. E aí ele conversa com o morador, que conta sobre qual a dificuldade que tinha. Ele não precisa se autoelogiar. Dá para entrar nisso sem virar palhaço de circo.

Eduardo Leite tem mostrado bastante a sua vida privada. É um estilo?

Ele tenta buscar a aproximação por revelar o bastidor do seu dia a dia. Agora, o Topázio, que é também um prefeito com perfil do Sul, ele não mostra tanto o bastidor dele da pessoa física, ele mostra o bastidor do prefeito.

Lula tem utilizado isso. É um jeito de desviar assuntos mais tensos do governo?

Eu não tenho dúvida que a comunicação do político, principalmente de cargo de executivo, ela tem como foco, às vezes quando o governo está mal avaliado, tirar a visão sobre o governo. No caso do Lula, ele está tentando se humanizar. Porque, de fato, ele ficou distante, mas ele não ficou distante por causa da comunicação. Ele ficou distante por causa da política dele. 

O Lula dos dois primeiros mandatos articulava politicamente muito mais do que hoje, recebia mais pessoas, falava com todos os partidos, os seus ministérios eram mais heterogêneos que hoje. Então, não é uma questão que a comunicação vai fazer milagre. Hoje o governo parece muito mais à esquerda do que eram os dois primeiros governos dele. _

INFORME ESPECIAL

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