
Os saudosos bailes das associações de amigos
Jamais descíamos na boquinha da garrafa.
Havia os bailes tradicionais da Sociedade dos Amigos do Balneário de Atlântida (Saba), da Sociedade dos Amigos de Capão da Canoa (Sacc), da Sociedade dos Amigos de Tramandaí (SAT), da Sociedade dos Amigos da Praia de Torres (Sapt) e da Sociedade Amigos do Cassino (SAC). A recreação envolvia expectativas de crianças e marmanjos. Contávamos com a opção do baile infantil de tarde e a do baile adulto de noite.
Não existia nenhuma baixaria. Nenhuma apelação.
Predominava a singeleza das marchinhas. Você cantava Bandeira Branca. Você cantava Turma do Funil. Você cantava Ô, Abre Alas. Você cantava Me Dá um Dinheiro Aí. Você cantava Chiquita Bacana. Você cantava Allah-La-Ô.
Nem dependíamos de DJ. Não se pretendia mudar a playlist, ou acrescentar um hit recente. Pertencíamos a uma geração de indicação livre, em que imperava uma ideia de confraternização para todos.
Foi ali que aprendi a decorar os nossos sambas básicos e ancestrais. A Saba, a Sacc, a SAT, a Sapt e a SAC me serviram de escola das raízes populares.
Dançava-se com os ombros, com o trote da galhofa, abrindo passagem com os braços em ioiô para cima.
"Sou o pirata da perna de pau,
Ainda que algumas melodias apresentassem duplo sentido, não se podia condená-las. Afinal, elas traziam trivialidades - para pensar o contrário, a sua mente é que se encontrava suja. A criatividade transcendia a censura.
Mamãe eu quero mamar
Dá a chupeta para o bebê não chorar."
Você estava entre conhecidos e vizinhos. Precisava namorar alguém sob a vigilância da família, com a arte da sedução indireta, feita por mímica.
O recurso mais comum e seguro era se engatar no trenzinho para buscar quem você gostou no lado oposto da pista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário