16 de maio de 2016 | N° 18526
MARCELO CARNEIRO DA CUNHA
THE GOOD EX-WIFE
Incrível, mas acabou. The Good Wife, uma das melhores séries que você já viu, com a diferença importante de ser exibida em rede aberta, e não no território mais protegido da televisão fechada, chegou ao seu ilustre final. Lágrima furtiva rolando aqui bochecha abaixo, caros leitores.
A gente se acostuma, é inevitável. Sete temporadas depois, a intimidade nos faz chamar Alicia Florrick de Li, Miga, coisas assim. A gente lembra com saudade dos tempos em que ela era uma esposa assustada com o escândalo do maridão, tentando refazer a vida após anos enfurnada na rotina recatada e do lar em um bairro para lá de exclusivo de Chicago.
A reconstrução de Alicia passa pelas buscas que precisa enfrentar: a busca de um emprego, depois de quase 15 anos dedicada aos filhos, a busca de uma explicação para o que seu marido aprontou, a busca de um lugar para si mesma no mundo pós-apocalíptico de um escândalo de maior porte.
O que orienta a série é o encontro de Alicia com seu verdadeiro lugar: um grande escritório de advocacia. Lá, ela descobre o seu real eu, e o real eu de Alícia é uma mulher forte, dura, capaz de praticamente tudo. A boa esposa é uma ótima advogada, para sua surpresa, e ela resolve que quer ser cada vez mais uma coisa e menos a outra.
Esse é o truque de The Good Wife. Séries situadas nos ambientes dos tribunais abundam nos Estados Unidos. Séries com tantas camadas de interação requerem mais escrita, ótimos atores, plots e subplots à mancheia. E The Good Wife sempre teve isso tudo de sobra, e por isso funcionou tão bem por sete temporadas.
A isso se soma a baita atriz que transforma Alicia em Alicia. Essa mulher contida, secreta, em contato crescente com seus anseios, medos e desejos nos fascina. A série cumpre a sua função, Alícia extrapola, e é a grande razão do sucesso de The Good Wife.
Séries têm que acabar um dia. Melhor que acabem por cima, no auge, no melhor momento de suas capacidades de narrar. The Good Wife faz isso com muita classe. Se não viu, veja. Fica a dica e ademã que alguma coisa nova deve estar surgindo por aí.
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