Copenhague
Estive uns dias em Copenhague, capital da Dinamarca, o país mais plano do mundo, que tem a monarquia dita mais antiga da Europa, com a simpática rainha Margarida artista plástica, tradutora e pintora, cujos quadros são comprados e adorados pelos súditos. Os Palácios Reais até são discretos, comparados com outros do velho continente.
Dinamarqueses gostam de bicicletas, de fogo na lareira, de cerveja e de conversar sobre tudo e nada em casa, com a família e os amigos. Eles gostam de smorrebrod, o prato nacional dinamarquês, sanduíche de pão preto, coberto de manteiga e coberturas diversas como atum, saladas, frango, rosbife, ovelha, rodelas de cebola e tomate, pasta de fígado, ovo e muitas outras. Um restaurante chegou a ter 177 tipos do smorrebrod, sanduíche aberto com aparência caprichadíssima, colorida e de apetecer os olhos.
Em Copenhague não há pichações nos muros, ninguém fala alto, corre ou fica buzinando. Em três dias ouvi uma buzina. O trânsito flui em velocidade civilizada, tipo São Francisco da Califórnia. As pessoas não se importam muito com roupas, maquiagem e outras produções e os carros não são as viaturas milionárias de outras capitais.
No Centro da cidade está o prédio da prefeitura, com a estátua de Absalão De Lund, arcebispo, grande, piedoso e reto estadista e na calçada, a poucos metros, uma grande estátua de Hans Christian Andersen, genial escritor, especialmente de histórias infantis como O Patinho Feio, A Pequena Sereia e O Soldadinho de Chumbo, que encantaram e encantam crianças e adultos do mundo todo. No Centro e nos outros pontos da cidade, nada de grandes outdoors ou luminosos esparrentos, tipo Times Square.
A escultura da Pequena Sereia, inspirada no conto de Andersen, é o maior símbolo turístico da cidade. Pequena mesmo, colocada em meio às águas, sem qualquer proteção ou aparato, mostra a simplicidade, a alma e a delicadeza de um povo. Copenhague não tem cristos gigantes, torres enormes, arranha-céus descomunais, estátuas de dezenas de metros de altura, templos de dimensões amazônicas e shoppings de milhares de lojas. Copenhague, linda, encantadora como um conto da fadas, tem o Tivoli, um dos parques de diversão mais antigos do mundo, com seus lindos jardins e, sim, tem castelos e museus majestosos, inclusive o do Hamlet, personagem imortal de Shakeaspeare.
A fábrica da famosa Carlsberg com seu museu está à disposição dos turistas sedentos por uma das cervejas mais famosas do mundo. Quem não liga para contas astronômicas, o restaurante Noma, considerado o melhor do mundo, é lá mesmo, na simpática capital da Dinamarca. Reserve com meses de antecedência.
Para quem ainda é hippie, alternativo ou coisa assim, há a comunidade Christiania, no bairro Christianshavn, onde as pessoas podem comprar maconha e fumar livremente, nas pracinhas ou comprar objetos de arte, artesanato, vestuário, alimentos e bebidas. Os aproximados 850 moradores são independentes, se autogestionam e não há policia ou autoridades. Conflitos são resolvidos pelos habitantes dos 34 hectares. Drogas pesadas e automóveis não são bem-vindos.
A propósito...
Turistas apressados perguntam se Copenhague vale a pena e por quantos dias. Os guias turísticos dizem que em dois dias dá para conhecer a cidade, até a pé ou de bici, para quem não quer outros meios.
Acordei no primeiro dia às sete de uma manhã bem fria. Pela janela contemplei uma gaivota num telhado cinza. Logo uns pombos chegaram. Na rua a jovem mãe de bicicleta levava o filho na garupa, para o colégio. Lá aos seis meses começa o processo educacional. Carros estavam estacionados nos lugares devidos. A Pequena Sereia começava a se preparar para as visitas. Dois dias? Acho pouco para quem coloca o Hans Christian Andersen grandão, pai da Pequena Sereia, no Centro.
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